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Mostrando postagens de 2025

Sustentabilidade do dia a dia e a COP 30

  * Ecio Rodrigues Pode ser que todos os 196 países associados à Organização das Nações Unidas cheguem, durante a COP30 que acontecerá em Belém, capital do Pará, em novembro próximo, a um consenso, sobretudo que agrade aos ambientalistas, quanto aos princípios e critérios de sustentabilidade que devem ser adotados no planeta, mas é muito difícil. Embora seja uma discussão com duração sem precedentes na história do movimento ambientalista internacional o conceito de sustentabilidade, em especial em relação às demandas do dia a dia da humanidade, ainda enfrenta bem mais divergências que convergências. Dentre as divergências o uso de terras já desmatadas em uma região com a extensão territorial da Amazônia, pode ser considerado o de maior impacto para a ecologia, economia e para a geração de emprego e renda. Muitos, com toda razão, defendem o aproveitamento produtivo das terras antes ocupadas por florestas por meio do cultivo de espécies agrícolas permanentes ou que exijam rep...

Privatizar o abastecimento de água em Rio Branco é a solução

  * Ecio Rodrigues Em um raciocínio simples, após acompanhar o serviço público de abastecimento de água em Rio Branco que saiu da municipalização (Saerb) para a estadualização (Sanacre e Depasa) e depois de volta ao município (Saerb), a conclusão é mais que óbvia: o Rio Acre não tem culpa. Com oferta de água durante todo ano, com elevações nas cheias e algumas alagações no período de dezembro a abril e secas, às vezes extremas, de julho a setembro, o Rio Acre oferta água suficiente e de maneira regular para atender, com boa segurança, a demanda por água na capital do Acre. Sendo assim, qual a razão para a recorrente falta de abastecimento? Uma imagem circulada em fevereiro de 2025, bem recente, da bomba de uma das duas Estações de Tratamento, ou ETA, sendo levada pela vazão de cheia do rio até o centro da cidade, fornece uma ideia bem aproximada do amadorismo da gestão estatal desse serviço. Ao assumir a administração municipal o atual gestor afirmou, em tudo que é canto,...

Finalmente, BR364 foi privatizada em Rondônia

  * Ecio Rodrigues Em leilão realizado em março último pelo governo federal, que afirma não ser adepto do liberalismo econômico, o trecho da rodovia BR364, com arredondados 706 quilômetros entre as cidades de Porto Velho e Vilhena, foi leiloado e concedido por 30 anos para gerenciamento pela iniciativa privada. Para todos que saem do Acre em direção a Cuiabá e que por absoluta ausência de alternativa são obrigados a percorrer esse trajeto a privatização, por hora somente desse trecho da rodovia, mais parece um milagre. Por mais de incompreensíveis 40 anos, desde que o agronegócio da soja e da carne de boi chegou aos níveis de participação expressiva na geração da riqueza nacional, representando quase 50% do PIB, uma quantidade inusitada de caminhões trafegam nesse trecho. Com razão econômica mais que visível e que remonta o final do século passado, a privatização, ou desestatização como preferem alguns, da rodovia BR364 esbarrava em uma equivocada e superada articulação de ...

Hidrelétrica na Amazônia deve ser prioridade na COP30

  * Ecio Rodrigues Difícil entender o preconceito que políticos, sobretudo aqueles que se autodeclaram adeptos do pensamento político considerado de esquerda, nutrem a respeito da construção de usinas hidrelétricas na Amazônia. Pior e mais grave ainda quando o preconceito erguido sem qualquer base científica e que, inclusive, contraria de maneira explicita princípios elementares dos ideais de sustentabilidade preconizados mundo afora recebe apoio de cientistas renomados. Diante de uma extensa lista de pontos positivos das hidrelétricas em relação a outras fontes de geração de energia elétrica, igualmente renováveis como a solar e a eólica, o aproveitamento da força das águas na Amazônia se reveste em alternativa que vai bem além do relativo impacto ambiental. Mas poucos se dão conta disso. Quando se trata da comparação das hidrelétricas com a geração por meio da queima de carvão ou petróleo nem se fala. Por sinal, o emprego de motores à diesel para movimentar geradores ...

Metrópoles verticalizadas contribuem para reduzir temperatura do planeta

  * Ecio Rodrigues Quanto mais cedo você chegar a essa conclusão melhor para os esforços de redução do calor no mundo, mas não diga para os ambientalistas ditos preservacionistas, aqueles que defendem, à todo custo com ou sem amparo na ciência, a máxima de que tudo que é pequeno, é também bonito e sustentável. Não é! Esse raciocínio melancólico e saudosista não vale, por exemplo, para as cidades. O providencial censo demográfico, realizado somente em 2022 com dois anos de atraso por preguiça mental dos gestores públicos da época, trouxe estatísticas reveladoras da vida urbana no país. De cada dez brasileiros, nove vivem em área urbana, um contingente que pode chegar a quase dez no Rio de Janeiro e em São Paulo, com crescente parcela morando em edifícios e apartamentos. Do ponto de vista do aquecimento do planeta, caso não houvesse cidades com mais de 300.000 habitantes, quantidade que pode ser considerada pequena no universo demográfico mundo afora em geral e no Brasil em...

COP30 e o Cluster Florestal da Amazônia

  * Ecio Rodrigues Para os menos familiarizados sobre a importância da convenção da Organização das Nações Unidas, ONU, sobre mudança climática a trigésima conferencia de negociação dos países, ou COP30, acontecerá em Belém, capital do Pará em novembro próximo. Será o momento adequado para discussão de políticas de desenvolvimento para a Amazônia e a avaliação do modelo adotado pelo Brasil, que desde a década de 1970 do século passado prioriza o financiamento estatal da pecuária extensiva. Resumindo, o tema do desenvolvimento regional, que tem em Celso Furtado seu maior expoente nacional (principalmente no que se refere aos estudos sobre desigualdades regionais e desenvolvimento x subdesenvolvimento), a identificação da vocação produtiva da Amazônia precisa ir além do que preconiza a consolidada teoria das vantagens comparativas. Por seu turno, a bibliografia especializada na teoria da vantagem competitiva (cuja obra de Michael E. Porter “A Vantagem Competitiva das Nações” ...

Janeiro de 2025 foi o mais quente da história humana na Terra

  * Ecio Rodrigues Pior, com recorde de calor desde que o Brasil foi descoberto pelo império português, janeiro de 2025 manteve uma sequencia de 18 meses consecutivos com picos de temperatura do planeta. Difícil escrever essa informação de maneira clara e objetiva o suficiente para acreditar que todos entenderam a mensagem. Mas, por favor, prestem bem atenção que a situação é grave. Se antes a imprensa nacional se detinha na publicação de algum calor absurdo em um ou outro mês, quando superavam em muito as medições realizadas durante a revolução industrial iniciada ao final do século dezoito. Agora, prestem bem atenção, extremos mensais e anuais de calor se espalham mundo afora. Evidente que o uso em larga escala do petróleo, em especial após a primeira guerra mundial, com a escalada do petróleo, transformou as estatísticas do calor planetário com saltos que colocam em risco quase tudo. Significa afirmar que o aquecimento do planeta deixou, há muito tempo, de ser uma pr...

COP30 discutirá formação do Cluster do Ecossistema na Amazônia

  * Ecio Rodrigues Há vinte anos o autor desse texto defendia, durante o doutorado no Centro de Desenvolvimento Sustentável da Universidade Nacional de Brasília, tese sobre o que chamou de saída pela floresta para a economia e o desenvolvimento da Amazônia em geral e do Acre em particular. De maneira bem resumida, o estudo detalhado e publicado em quase mil páginas discutiu, na primeira parte, um extenso rol de bibliografia, com mais de trezentas citações, sobre o fracasso do modelo de ocupação produtiva ancorado na expansão da pecuária extensiva. Planejada para servir de suporte no meio rural, ou no setor primário, para a indústria extrativa da mineração e a industrialização forçada pelo polo industrial e Zona Franca de Manaus, a criação extensiva de gado apresentaria relação custo-benefício deficitária e prejuízos incalculáveis para a sociedade.      Demonstraria assim, com certa facilidade e fartura de exemplos que a pecuária extensiva se viabil...

Plantio de café em Reserva Extrativista e desmatamento zero da Amazônia

  * Ecio Rodrigues Não foi a primeira vez e, por óbvio, não será a última que uma reportagem repleta de equívocos atrapalha a compreensão acerca das causas e consequências do desmatamento na Amazônia. Em matéria recente publicada em jornal de circulação nacional o pouco preparado responsável pelo artigo saudava, com um rol extenso de elogios, a produção de café na Reserva Extrativista Chico Mendes, no Acre. Um ícone para conservação da floresta na Amazônia, essa unidade de conservação inserida no grupo de uso sustentável, recebeu o nome do líder ecologista reconhecido mundo afora. A Resex Chico Mendes, como ficou conhecida, foi a primeira unidade desse modelo de conservação da floresta a ser instituída por Decreto do Presidente da República, ainda em 1990. Sua peculiaridade e diferencial frente a uma Estação Ecológica ou Parque Nacional é que a Resex concilia a presença de uma população tradicional explorando um ou mais produtos florestais no modo extrativista de produção...

Inexplicável recorde de queimadas no Acre em janeiro de 2025

  * Ecio Rodrigues Antes, outra informação importante foi o igualmente inexplicável recorde de queimada ocorrido em dezembro de 2024, quando foram detectados pelo reconhecido Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, Inpe, um total de 30 focos de fogo ante uma média para dezembro de 7 queimadas nos últimos 28 anos. Saltar de 7 para 30 queimadas e em dezembro, pode parecer pouco aos desavisados, mas não é! Pesquisadores e analistas que se debruçam para entender a dinâmica do desmatamento e das queimadas em toda a Amazônia e no Acre em particular foram surpreendidos pela gravidade das estatísticas. As razões não são nada óbvias posto que em dezembro a pluviosidade elevada não permite que o conhecido triangulo do fogo (fartura de combustível, temperatura ou calor e comburente ou oxigênio) se concretize ao umedecer o combustível e manter o termômetro em baixa. Quando comparado ao período dos três meses diabólicos das queimadas, em que há bastante floresta derrubada para quei...

Após 10 anos, Acordo de Paris se consolidará na COP30

  * Ecio Rodrigues Quando durante a Rio92, a Conferência da ONU sobre sustentabilidade do desenvolvimento que foi realizada no Rio de Janeiro em 1992, os países aprovaram a Convenção sobre Mudança Climática, poucos acreditavam no acirramento da atual crise ecológica. Dúvidas sobre o aumento da temperatura planetária inibiram a tomada de decisão da maioria dos representantes dos países, em especial daqueles mais desenvolvidos localizados no hemisfério norte que assumiram postura diplomática protocolar sem se comprometer com quase nada. Passados cinco anos e com a melhora na aferição científica sobre o aquecimento do planeta, que forneceram dados bem mais robustos sobre alguns elementos químicos com longa permanência longa na atmosfera, em especial o carbono que pode ficar por lá em mais de cem anos, em 1997 foi aprovado o Protocolo de Quioto. Considerado um primeiro e decisivo passo para inserir na agenda política internacional um conjunto de propostas de ação local voltadas...

Escola de Samba carioca esquece crise climática em 2025

  * Ecio Rodrigues Depois de a Escola de Samba Portela vencer o carnaval de 2017 cantando a importância da mata ciliar dos rios, enredos sobre a atual crise ecológica, que eleva a temperatura do planeta, parecem ter perdido tração. Para quem não se lembra, no Carnaval de 2017 do Rio de Janeiro, a Portela sagrou-se campeã do carnaval carioca decantando a mata ciliar. Entoando o lindo verso “Quem nunca sentiu o corpo arrepiar ao ver esse rio passar”, os portelenses se propuseram a discutir a importância dos rios e a necessidade de preservar o tipo especial de floresta representado pela mata ciliar (veja mais aqui:www.andiroba.org.br/artigos/?post_id=3649). Por duas fortes razões o esquecimento do tema do aquecimento do planeta e das visíveis e comprovadas alterações no clima, não deixam de significar certo distanciamento dos sambistas em relação à realidade cotidiana. Preferindo alguns temas com raiz africana, com seus orixás e outros símbolos que, também com muita razão, a...

Concessão Florestal elevará riqueza de Apuí no Amazonas

 * Ecio Rodrigues Ainda em 2007 a Floresta Nacional do Jamari, em Rondônia, foi a primeira área coberta por florestas nativas na Amazônia a ser leiloada para exploração por uma indústria madeireira legalmente amparada pelo sistema de Concessão Florestal. O rigoroso e exigente processo de licitação da época habilitou seis empresas que decorridos todos os vários e extensos prazos para recursos foram submetidas ao crivo de especialistas em uma criteriosa análise da técnica de manejo florestal e de preço para a madeira. Indústrias como a Amata S/A, Civagro, Porto Júnior, Sakura Madeiras, Consórcio Alex Madeiras e ZN Madeiras, comprovaram sua capacidade operacional e técnica para assumir os custos da aplicação da tecnologia de Manejo Florestal desenvolvida pela engenharia florestal brasileira e adequada à realidade do ecossistema florestal amazônico. Esse primeiro e ousado passo para concretizar uma economia florestal e de baixo carbono na região foi possível graças a aprovação pelos de...

COP 30 já começou

  * Ecio Rodrigues Planejada para o período de 10 a 21 de novembro, a trigésima Conferência das Partes da Convenção do Clima, ou simplesmente COP30, começou antes do carnaval com a nomeação do presidente de honra e os acelerados preparativos em Belém, cidade escolhida para sede em 2025. Desde a Rio92 tenho acompanhado com interesse incomum a realização, pela ONU, das conferências de negociação e detalhamento do que foi decidido nas três Convenções assinadas em 1992 no Rio de Janeiro. Com recuos e avanços a Convenção do Clima, quando comparada com a Convenção da Biodiversidade e da Agenda 21, foi a que chegou mais perto de um pacto global pela sustentabilidade, com acentuada decisão e determinação política internacional para implantação. Primeiro ainda em 1997, com a assinatura do Protocolo de Quioto, o mundo se organizou para iniciar a estruturação de um modelo de desenvolvimento em que o peso do petróleo fosse, aos poucos, reduzido. Apesar de os países repetirem sua fort...