COP30 divulgará exploração da biodiversidade florestal na Amazônia

 * Ecio Rodrigues

Existe uma pergunta que se repete, tal qual ladainha, ano após ano, em todas as 29 conferencias realizadas antes da COP30, que acontecerá em Belém do Pará, em novembro próximo.

Dado que a engenharia florestal brasileira e mais uma ruma de pesquisadores e especialistas de tudo que é formação conceberam, desde a década de 1980 do século passado, todo pacote de tecnologia que permite explorar de modo sustentável e permanente a biodiversidade florestal da Amazônia, o que impede de ser colocado em prática?

Duas respostas também são repetidas, tal qual ladainha.

A primeira, como de sempre, se refere ao dinheiro necessário para realizar os investimentos para instalação de unidades de produção.

Considerando que são inovações, há um risco elevado em relação ao retorno do capital investido.

De maneira legítima, o empresário, não somente aqui, mas em todo mundo, não costuma investir o próprio dinheiro em atividades que mostram retorno de alto risco por depender da regeneração natural da floresta e, o que é bem pior, de regulamentações que consigam resistir às motivações políticas dos governos.

Por isso, a participação de recursos públicos no teste de projetos de exploração sustentável da biodiversidade florestal da Amazônia requereu agenda política e o dinheiro do orçamento público.

Não à toa, desde o final do século passado e em especial com doações para o maior programa de cooperação já realizado na Amazônia, conhecido pelo acrônimo PPG7, visto que o grupo dos sete países mais ricos eram os doadores, o Ministério do Meio Ambiente, MMA, investiu a fundo perdido em muitas experiências produtivas com sucesso comprovado.

É aqui que entra a segunda e bem mais simples resposta.

De nada adiantaria investir na extração e beneficiamento de produtos dispersos na biodiversidade florestal da Amazônia que demonstraram retorno econômico atrativo na prática se o publico, ou melhor, aqueles que podem investir não tomarem conhecimento de sua existência.

Um conjunto expressivo de 100 experiências exitosas para a sustentabilidade foi reunido pelo MMA e publicado em impressos ainda na virada do século, em 1999, sendo apresentado e discutido em eventos realizados com a participação dos oito governos locais.

Na época foi um sucesso absoluto, infelizmente os impressos foram esquecidos logo depois e atualmente os conteúdos são inacessíveis.

Por isso, a inciativa da COP30 em organizar e lançar uma plataforma digital com as experiências de uso sustentável dos ecossistemas realizadas com êxito em todos os países e que podem ajudar a levar o mundo para uma economia de baixo carbono além de louvável adquire importância única.

Imagine agora, que todas as pessoas, com ou sem dinheiro para investir, em qualquer tempo no futuro ao acessar a plataforma no celular vão saber o que pode ou poderia ter sido feito para impedir o aquecimento do planeta?

Melhor, entrando em contato permanente com as soluções a sociedade terá certeza de que faltou, falta ou faltará liderança política à altura do desafio.

    

*Engenheiro Florestal (UFRuRJ), mestre em Política Florestal (UFPR) e doutor em Desenvolvimento Sustentável (UnB).

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