Japoneses levam substituição do alumínio por madeira ao espaço
* Ecio Rodrigues
Demorou
mais do que devia, mas a madeira finalmente foi reconhecida como matéria-prima preferencial
para uso cotidiano em milhares de aplicações possíveis, do carro ao computador
passando, em especial, pela construção civil.
Sem
qualquer razão plausível a madeira foi hostilizada por décadas pela porção mais
desinformada do movimento ambientalista brasileiro, que ainda não admite que
uma árvore seja derrubada, a despeito de ter sido plantada e cultivada em
florestas para uso comercial (saiba mais aqui http://www.andiroba.org.br/artigos/?post_id=2257).
Com
equívoco assombroso e recorrente os ambientalistas cegos preferem defender o
uso de minerais, com destaque para o alumínio como substituto da madeira nas
janelas de prédios e residências de baixo custo destinadas a programas de
habitação popular, que são oriundos de jazidas e explorados pela mineração até
a exaustão.
Não
consegue entender, aquele ambientalista cabeça dura, e muitos ainda não compreendem
o significado, para a sustentabilidade do planeta, de uma matéria-prima
renovável.
O
que coloca a madeira em um pedestal único para mitigar os efeitos da grave
crise oriunda do aquecimento global.
Deixando
mais claro. Diferente do alumínio, a árvore que deu origem a madeira que foi
manufaturada em um guarda-roupa ou mesa, será plantada novamente renovando um
ciclo virtuoso de sequestro e imobilização de carbono na rotina diária da humanidade.
Enquanto
durar a mesa, o que pode levar até 100 anos, quase 100% da madeira composta de
celulose com igualmente quase 100% de carbono ficará retido na mesa dentro da
casa ou do escritório do usuário.
Melhor
ainda, na equação que ajuda a salvar o planeta do calor, não entra somente a
quantidade de carbono que ficou retida na mesa, posto que de maneira natural ou
plantada novas árvores surgem e, em seu processo de crescimento, vão retirar
todo carbono da atmosfera para transformar, ou melhor, para fazer a madeira do
tronco que vai virar novas mesas.
Depois
de serem aplaudidos pela construção do maior prédio do mundo em madeira (saiba
mais aqui http://www.andiroba.org.br/artigos/?post_id=4137) os engenheiros florestais
e cientistas japoneses com ousadia de sobra, chegaram ao limite de construírem
um satélite, todo em madeira.
Sob
a justificativa, muito inteligente diga-se, de contribuir para reduzir o lixo
espacial que é composto em mais de 80% de alumínio, que resiste até o fim do
mundo e inclusive quando atraído pela força de gravidade dos planetas, a
madeira se desintegra durante sua vida útil e, o mais impressionante, entra em
combustão virando cinzas antes de retornar ao solo do planeta.
A
lição dos japoneses, um país insular formado por um arquipélago e com óbvias
dificuldades para disponibilizar solos para cultivar árvores, deve ser
assimilada pelos brasileiros que possuem área agrícola de sobre para plantar
árvores.
Aos
ambientalistas desinformados, por sua vez, restaria ainda perder o desprezível preconceito
com a espécie florestal que representa mais de 90% das árvores plantadas nos
pais, o eucalipto, que, de maneira estupida, ainda é condenado por causar uma
falaciosa seca do solo.
Tanto
árvores de eucalipto, usadas em móveis e para produzir celulose que dentre
centenas de uso também se transformam no nosso papel de cada dia, quanto as florestas
nativas da Amazônia, podem e devem ser usadas com tecnologia para gerar renda
para a sociedade ao mesmo tempo em que cumprem sua, muito prestigiada, função
ecológica de retirar e estocar o carbono da atmosfera.
Além
de superior em beleza e do ponto de vista arquitetônico a madeira é
sustentável, melhor deixar o alumínio somente na latinha de cerveja, ou nem
isso!
*
Engenheiro Florestal (UFRuRJ, Mestre em Política Florestal (UFPR) e Doutor em
Desenvolvimento Sustentável (UnB).
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