Privatizar o abastecimento de água em Rio Branco é a solução
* Ecio Rodrigues
Em um raciocínio simples, após acompanhar o serviço público de
abastecimento de água em Rio Branco que saiu da municipalização (Saerb) para a
estadualização (Sanacre e Depasa) e depois de volta ao município (Saerb), a
conclusão é mais que óbvia: o Rio Acre não tem culpa.
Com oferta de água durante todo ano, com elevações nas cheias e
algumas alagações no período de dezembro a abril e secas, às vezes extremas, de
julho a setembro, o Rio Acre oferta água suficiente e de maneira regular para
atender, com boa segurança, a demanda por água na capital do Acre.
Sendo assim, qual a razão para a recorrente falta de
abastecimento?
Uma imagem circulada em fevereiro de 2025, bem recente, da bomba
de uma das duas Estações de Tratamento, ou ETA, sendo levada pela vazão de
cheia do rio até o centro da cidade, fornece uma ideia bem aproximada do
amadorismo da gestão estatal desse serviço.
Ao assumir a administração municipal o atual gestor afirmou, em
tudo que é canto, que a oferta de água tratada em Rio Branco deveria ser
municipalizada posto que o Depasa, e seus gestores estaduais, teria comprovada
incompetência para gerir esse serviço público.
Afirmaram os gestores da Saerb, que o município teria condições de
captar e tratar a água do Rio Acre, com maior eficiência que os seus congêneres
nomeados pelo, novamente incompetente, governo estadual.
Muitos concordaram diante da enxurrada de fatos, com perdão do
trocadilho, que comprovavam a incompetência do governo estadual após quatro
anos trocando a diretoria do Depasa, em média a cada seis meses, sem qualquer
resultado animador na gestão do serviço público de tratamento de água.
Entretanto nada disso aconteceu.
A propalada gritaria sobre uma suposta eficiência gerencial da
prefeitura da capital na oferta de água ficou na suposição mesmo, com
sucessivas trocas de gestores no Saerb e a usual crise de abastecimento.
O rio-branquense e consumidor do serviço público considerado essencial
por entregar agua potável, tratada com segurança, na residência das pessoas não
pode se acostumar com um serviço precário que parece não ter solução. Mas tem!
Desde que o Depasa firmou contrato com o BNDES para modelar a
privatização do serviço de água e esgoto em todo Acre se tornou público que a
elevada viabilidade financeira do serviço prestado em Rio Branco ajudaria a
privatizar o serviço no interior que apresenta balanço positivo com algumas limitações.
Significa o seguinte. O lucro do Saerb com as contas pagas pelo
consumidor do serviço de abastecimento de água e tratamento de esgoto em Rio
Branco é tão elevado que pode bancar o eventual prejuízo nas contas em Manuel
Urbano, por exemplo.
Resumindo, existe oferta de água pelo Rio Acre e de dinheiro pela
população de Rio Branco. Se há falta de água, falta competência ao gestor
estadual e municipal.
*Engenheiro
Florestal (UFRuRJ), mestre em Política Florestal (UFPR) e doutor em
Desenvolvimento Sustentável (UnB).
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