Hidrelétrica na Amazônia deve ser prioridade na COP30

 * Ecio Rodrigues

Difícil entender o preconceito que políticos, sobretudo aqueles que se autodeclaram adeptos do pensamento político considerado de esquerda, nutrem a respeito da construção de usinas hidrelétricas na Amazônia.

Pior e mais grave ainda quando o preconceito erguido sem qualquer base científica e que, inclusive, contraria de maneira explicita princípios elementares dos ideais de sustentabilidade preconizados mundo afora recebe apoio de cientistas renomados.

Diante de uma extensa lista de pontos positivos das hidrelétricas em relação a outras fontes de geração de energia elétrica, igualmente renováveis como a solar e a eólica, o aproveitamento da força das águas na Amazônia se reveste em alternativa que vai bem além do relativo impacto ambiental.

Mas poucos se dão conta disso.

Quando se trata da comparação das hidrelétricas com a geração por meio da queima de carvão ou petróleo nem se fala.

Por sinal, o emprego de motores à diesel para movimentar geradores em cidades isoladas ou do interior, nos nove estados amazônicos, deveria ser repudiada de forma veemente nos documentos finais da COP30.

Em síntese, além de possibilitar a manutenção de um estoque considerável de água no local, as hidrelétricas se revertem em alternativa econômica de elevada capilaridade junto a população, pelo uso econômico do lago formado.

Quem pode desconsiderar o significado, para um bioma que depende de umidade elevada como a Amazônia, de um reservatório de água que pode contribuir para reduzir o período de seca e, o melhor, limitar o impacto das usuais e nefastas queimadas e até dos bem raros incêndios florestais?

Por óbvio a hidrelétrica, passado o período de movimentação de trabalhadores e de material para construção das barragens, momento em que a pegada de carbono do empreendimento chega ao limite, ficará por mais de 100 anos gerando energia elétrica com quantidades inexpressivas de carbono colocado na atmosfera.

O balanço favorável à hidrelétrica é imbatível, diante do fato de que a produção e instalação de painel possui expressiva emissão de carbono com quantidade significativa de solo imobilizado, para uma vida útil de, no máximo, 20 anos.

Mesmo raciocínio vale para a energia eólica em que a produção e instalação dos cata-ventos dependem de muito carbono e a vida útil se mostra igualmente reduzida a 25 anos.

Há outra evidente e decisiva vantagem relativa das hidrelétricas, o uso popular do lago de estocagem de água.

Não tem espaço produtivo e de lazer para a população com a geração solar ou eólica nos moldes permitidos pelo lago da hidrelétrica.

          O gargalo das hidrelétricas é que dependem dos rios e não podem ser instaladas no Acre, por exemplo, onde a energia limpa será possível somete a partir da queima de madeira, isto é, de biomassa florestal.

          Será melhor para o planeta se em cada rio da Amazônia com força da água para gerar energia elétrica a COP30 promova a instalação de uma usina hidrelétrica.

 

*Engenheiro Florestal (UFRuRJ), mestre em Política Florestal (UFPR) e doutor em Desenvolvimento Sustentável (UnB).

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