Após 10 anos, Acordo de Paris se consolidará na COP30
* Ecio Rodrigues
Quando durante a Rio92, a Conferência da ONU sobre
sustentabilidade do desenvolvimento que foi realizada no Rio de Janeiro em
1992, os países aprovaram a Convenção sobre Mudança Climática, poucos
acreditavam no acirramento da atual crise ecológica.
Dúvidas sobre o aumento da temperatura planetária inibiram a
tomada de decisão da maioria dos representantes dos países, em especial
daqueles mais desenvolvidos localizados no hemisfério norte que assumiram
postura diplomática protocolar sem se comprometer com quase nada.
Passados cinco anos e com a melhora na aferição científica sobre o
aquecimento do planeta, que forneceram dados bem mais robustos sobre alguns
elementos químicos com longa permanência longa na atmosfera, em especial o
carbono que pode ficar por lá em mais de cem anos, em 1997 foi aprovado o
Protocolo de Quioto.
Considerado um primeiro e decisivo passo para inserir na agenda política
internacional um conjunto de propostas de ação local voltadas para mitigar o
aquecimento planetário, no decorrer dos anos o protocolo se mostrou frágil como
instrumento político obrigatório para os países.
Contudo, terminado o século passado e ainda na primeira década do
atual, os cientistas divulgaram uma série de estudos analisados pelo painel
cientifico da ONU, conhecido por IPCC na sigla em inglês, comprovando e
determinando com exatidão considerável as taxas de aumento anual da
temperatura.
Com os limites de temperatura planetária determinados com elevada
precisão os pesquisadores deram aos representantes políticos as ferramentas para
responderem à crescente demanda da sociedade por projetos factíveis.
Foi nesse contexto que, em 2015, foi assinado, na cidade que lhe
empresta o nome, o Acordo de Paris.
Considerado o pacto global de maior lastro social para a política
internacional de mitigação dos efeitos da mudança no clima, diferente do Protocolo
de Quioto, os países foram convidados a apresentar sua contribuição voluntária de
modo a ajudar o mundo a sair da crise decorrente do aumento do calor.
O sucesso do Acordo de Paris pode ser medido pela excelente
estratégia de fazer com que cada um dos 197 países, que aprovaram o pacto,
apresentasse metas de maneira voluntária, mas que, uma vez aprovadas na ONU, deveria
ser honrada por obrigação até 2030.
Nós brasileiros, por exemplo, nos comprometemos a gerar mais
energia elétrica com placas solares, cata-ventos e, por óbvio diante do
potencial natural do país, construindo mais usinas hidrelétricas.
A boa notícia é que estamos honrando nosso compromisso e as fontes
de geração alternativa representam atualmente mais de 70% do abastecimento
nacional de energia elétrica e, o melhor, com tendência de alta dessa
participação até 2030.
Em 2025, o Acordo de Paris completa dez anos, com reconhecido
engajamento político de 100% dos países associados a ONU que, no final do ano em
Belém do Pará durante a COP30, devem apresentar os avanços na execução de suas
metas voluntárias, diante de todos e para escrutínio global.
E nesse escrutínio global, o desmatamento zero da Amazônia será a
maior cobrança que o mundo fará aos brasileiros.
Deveremos mostrar que estamos unidos no propósito do desmatamento
zero.
*Engenheiro Florestal (UFRuRJ), mestre em Política Florestal (UFPR) e doutor em Desenvolvimento Sustentável (UnB).
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