Expectativa sobre a taxa de desmatamento do Inpe para Amazônia em 202

 * Ecio Rodrigues

Durante o período mais incompetente na história de gestores que foram nomeados para área ambiental federal, que durou de 2019 a 2022, chegou-se a concluir que o internacionalmente respeitado Instituto Nacional de Pesquisa Espacial, o Inpe, divulgava a taxa de desmatamento que agradava a alguma Organização Não Governamental, ou ONG.

Sem entrar na discussão estúpida que considerou ONG instrumento de ocupação do imperialismo americano ou de dominação mundial a ponto de colocar em risco a soberania do país e outras imundícies do gênero, o problema real residia na inusitada dúvida sobre a reputação do Inpe.

De onde viria a ideia de que o Inpe poderia ser usado por um ou outro qualquer uma vez que desde 1988, quando se iniciaram as medições de desmatamento na Amazônia, e logo depois com a institucionalização imprescindível do projeto PRODES, as taxas de desmatamento na Amazônia são medidas com precisão e transparência irretocável.

Sempre no mês de novembro, com disciplina e competência irreparável o instituto divulga a quantidade da área desmatada na Amazônia para o período da órbita do satélite, que vai de 31 de julho do ano anterior ao primeiro de agosto do atual.

Significa que a mais nova medição, que todos esperavam com certa ansiedade a ser divulgada pelo Inpe esse mês, abarca os 12 meses do período entre julho de 2023 a agosto de 2024, compondo uma série histórica incrível e rigorosa de 35 anos.

Com um adicional, foi a primeira taxa obtida sob a responsabilidade integral do governo federal que assumiu em janeiro de 2023, em que o controle do desmatamento dependeu única e exclusivamente da competência da atual equipe que gerencia o Ministério do Meio Ambiente.

Daí veio a expectativa sobrevalorizada.

Durante o período avaliado a imprensa foi inundada de dados de redução do Programa Deter, que identifica em tempo real a realização de desmatamentos considerados atípicos e que portanto devem ser imediatamente fiscalizados, como se fossem a própria taxa mensal e até anual de desmatamento.

As estatísticas do Deter são costumeiramente usadas pelos desavisados como se representassem medições de desmatamento, tipo assim: se os alertas de destruição atípica reduz a taxa anual também reduzirá.

Algo que é perfeitamente possível, mas que não representa o fato são interpretações de estatísticas feitas por alguns. Só isso.

Ao divulgar a taxa de desmatamento, às vésperas da COP29 que acontecerá em Baku, Capital do Azerbaijão, o Inpe colocou a comitiva dos brasileiros no holofote pelo sucesso da redução do desmatamento na Amazônia.

Melhor, a feliz redução da taxa deixou o país que requereu a sede da COP30 ano que vem em Belém do Para, com estatura de líder mundial da política ambiental!

*Engenheiro Florestal (UFRuRJ), mestre em Política Florestal (UFPR) e doutor em Desenvolvimento Sustentável (UnB)

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