Metrópoles verticalizadas contribuem para reduzir temperatura do planeta

 * Ecio Rodrigues

Quanto mais cedo você chegar a essa conclusão melhor para os esforços de redução do calor no mundo, mas não diga para os ambientalistas ditos preservacionistas, aqueles que defendem, à todo custo com ou sem amparo na ciência, a máxima de que tudo que é pequeno, é também bonito e sustentável. Não é!

Esse raciocínio melancólico e saudosista não vale, por exemplo, para as cidades.

O providencial censo demográfico, realizado somente em 2022 com dois anos de atraso por preguiça mental dos gestores públicos da época, trouxe estatísticas reveladoras da vida urbana no país.

De cada dez brasileiros, nove vivem em área urbana, um contingente que pode chegar a quase dez no Rio de Janeiro e em São Paulo, com crescente parcela morando em edifícios e apartamentos.

Do ponto de vista do aquecimento do planeta, caso não houvesse cidades com mais de 300.000 habitantes, quantidade que pode ser considerada pequena no universo demográfico mundo afora em geral e no Brasil em particular, o mundo teria chegado bem mais cedo e rápido, à temperatura considerada limite de conforme definido pelo Acordo de Paris, assinado por todos os países em 2015.

Fácil entender que uma quantidade bem maior de recurso natural seria consumida para, no mínimo, prover as vias pavimentadas de ligação de cada área urbana de cidades menores.

Da mesma maneira que a área composta de paisagens naturais ou simplesmente rurais transformadas pelo concreto urbano seria, no melhor dos cenários, triplicada para receber as pessoas e garantir o processo de expansão.

Com taxas de urbanização que chegam a 97% da população, para o caso de São Paulo, fácil imaginar o grau de alteração dos ecossistemas para garantir a distribuição de um contingente de 11.451.245 pessoas em algumas 40 outras cidades de menor porte.

Resumindo, o planeta depende das metrópoles, que ao contrário do que pensam os preservacionistas, quanto maior melhor para a sustentabilidade, por concentrar em um mesmo espaço o máximo de população e a grande estrutura de concreto e asfalto que todos demandam.

Como não poderia ser diferente, para concentrar um número expressivo e cada vez maior de pessoas, não existe solução mais engenhosa que a tradicional e injustamente questionada verticalização.

Acontece que um prédio de médio porte, com oito andares e oito apartamentos por andar, consegue juntar entre 128 a 320 pessoas, segundo as médias do último providencial censo demográfico do IBGE, em um terreno 64 vezes menor que aquele ocupado pela mesma quantidade de casas.

Dois prédios, dessa dimensão, justificam a instalação de estruturas de lazer, praças e alguma área verde somente possível e, o melhor, sustentável em termos ambientais, devido a concentração de gente promovida pela verticalização.

Resumindo, com maior número de metrópoles com muitos edifícios, para receber uma população que deve parar de crescer e se estabilizar quando chegar por volta de 11 bilhões de pessoal, a emissão de carbono no ambiente urbano poderá ser assimilável pela resiliência do planeta.

Nada disso será possível com todos vivendo como querem alguns: em cidades bem pequenas, hospitaleiras, românticas e cheias de casas. Simples assim!

 

*Engenheiro Florestal (UFRuRJ), mestre em Política Florestal (UFPR) e doutor em Desenvolvimento Sustentável (UnB).

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