Janeiro de 2025 foi o mais quente da história humana na Terra

 * Ecio Rodrigues

Pior, com recorde de calor desde que o Brasil foi descoberto pelo império português, janeiro de 2025 manteve uma sequencia de 18 meses consecutivos com picos de temperatura do planeta.

Difícil escrever essa informação de maneira clara e objetiva o suficiente para acreditar que todos entenderam a mensagem. Mas, por favor, prestem bem atenção que a situação é grave.

Se antes a imprensa nacional se detinha na publicação de algum calor absurdo em um ou outro mês, quando superavam em muito as medições realizadas durante a revolução industrial iniciada ao final do século dezoito.

Agora, prestem bem atenção, extremos mensais e anuais de calor se espalham mundo afora.

Evidente que o uso em larga escala do petróleo, em especial após a primeira guerra mundial, com a escalada do petróleo, transformou as estatísticas do calor planetário com saltos que colocam em risco quase tudo.

Significa afirmar que o aquecimento do planeta deixou, há muito tempo, de ser uma preocupação de ambientalistas e ativistas ecológicos adolescentes ao provocar prejuízos econômicos incalculáveis e em larga escala.

Desde o relatório do governo do Reino Unido sobre o impacto econômico das mudanças no clima, publicado no final da primeira década do século atual, que os custos de reparação e mitigação das tragédias decorrentes do recorde de temperatura se mostraram elevados em demasia para o sistema financeiro mundial.

Resumindo, nenhum país isolado ou grupos de países reunidos em seus mercados comuns possuem estoque de dólares em reserva financeira suficiente para aplacar a fúria da natureza quando o recorde de calor se mostrar irreversível.

E isso vai acontecer em um prazo cada vez mais curto se alguns projetos da política ambiental internacional não forem colocados em prática agora.

Não à toa, na COP30, que acontecerá em Belém, capital do Pará, em novembro próximo, será o momento propício, em meio ao calor insuportável da Amazônia, para debater saídas imediatas para estancar o aumento da temperatura global.

Afinal de contas mantida a sequencia de meses mais quentes, o que por sinal fez de 2024 o ano em que a humanidade foi exposta a maior quantidade de calor de sua história, não há dúvida: no final de 2025, a COP30 vai acontecer em uma bolha de ar condicionado, sem vislumbrar alguma saída para o ar livre.

Não existe plano B, as medidas são conhecidas e foram propostas pelos 198 países associados à ONU quando da assinatura do pacto global conhecido por Acordo de Paris, ainda em 2015.

O prazo para mostrar os resultados por cada nação, segundo seu compromisso com a humanidade, termina em 2030.

Entretanto, será agora em 2025, a partir dos consecutivos aumentos de calor, que todos os países devem demonstrar seu comprometimento com a execução de suas próprias metas de retirada de carbono da atmosfera.

Restará aos brasileiros mostrarem que o desmatamento zero da Amazônia está próximo e aos outros países que sua energia elétrica não depende de petróleo.

 

*Engenheiro Florestal (UFRuRJ), mestre em Política Florestal (UFPR) e doutor em Desenvolvimento Sustentável (UnB).

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