COP29 tornou realidade mercado mundial de carbono
* Ecio Rodrigues
Agora é fato, o mercado internacional e regulado de créditos de carbono
foi aprovado em definitivo pela ONU na COP29, encerrada em Baku, Capital do
Azerbaijão, em 23 de novembro de 2024.
Considerado o mais importante legado da COP29, o mercado
internacional de carbono vinha sendo discutido desde 2015, quando foi instituído
pelo Artigo 6 do Acordo de Paris.
Foram necessários quase dez anos de negociação para aprovar um
instrumento oficial de comercialização de créditos de carbono entre nações, de
uma complexidade proporcional a sua importância.
Complexo, posto que os países mais industrializados a partir de
agora podem, com a compra de créditos de carbono em um mercado regulado pela
ONU, compensar os menos industrializados que vão ofertar os créditos relativos
a sua área de florestas conservadas.
Complexo, pois oficializa e regula a transferência voluntária de
uma soma expressiva de dinheiro dos países com economias mais abastadas para os
menos favorecidos não por caridade ou generosidade, mas sim, por um serviço
prestado ou um produto comercializado em igualdade de condições.
E deveras importante, posto que a partir de agora os países e os
produtores vão receber dinheiro para prestar um serviço de manejo
conservacionista de áreas de florestas nativas e plantadas em quantidade e
qualidade delimitadas por um mercado regulado e com preço definido pela oferta
e procura.
Nunca é demais repetir que o parlamento e os políticos brasileiros
acertaram quando dez dias antes aprovaram o mercado nacional regulado de
carbono de maneira a fornecer maior segurança jurídica e fortalecer o mercado voluntário,
que se encontra em expansão desde o final do século passado.
Também não custa repetir que no final da linha está o
reconhecimento da sociedade pela reputação das empresas e países que podem
ajudar, ao comprar créditos de carbono, ou atrapalhar, quando ficam fora do
mercado de carbono, a resolver a grave crise das mudanças climáticas.
Após a definição da metodologia de quantificação das toneladas de
carbono pelo Supervisory Body Mechanism, seleto grupo composto de forma
paritária por doze especialistas representativos de todos os 198 países associados
ao sistema ONU, as transações vão, finalmente, começar pra valer.
No frigir dos ovos, poderemos afirmar que o antes inimaginável
desmatamento legal zero da Amazônia, está mais perto do que se imagina!
*Engenheiro
Florestal (UFRuRJ), mestre em Política Florestal (UFPR) e doutor em
Desenvolvimento Sustentável (UnB).
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