Nenhuma cidade do Acre na Lista das 100 mais Ricas do agronegócio brasileiro

 * Ecio Rodrigues

Publicado agora (dia 15 de outubro de 2024) pelo Ministério da Agricultura e Pecuária o ranking dos municípios com maior valor da produção e por isso de geração de riqueza devido ao agronegócio das lavouras, incluindo da soja ao cultivo de frutas passando pelo cacau e café, não inclui nenhuma cidade do Acre.

Com um agronegócio estranho e um tanto primitivo os municípios do Acre não figuram em nenhuma das listas dos municípios considerados mais importantes na oferta de mais de 70 produtos vegetais analisados para categorizar as cidades mais ricas do pujante agronegócio brasileiro.

Mais grave ainda, nenhuma cidade de Rondônia, nosso vizinho rico, está entre as 100 mais ricas, ficando a Amazônia representada pelo Para e o poderoso Mato Grosso. Ali sim, o agronegócio existe de concreto.

Na verdade não precisa muito das estatísticas do Ministério da Agricultura, o Mapa, para entender que o agronegócio do Acre não vai aparecer tão cedo em algum ranking relativo ao agronegócio nacional.

Acontece que além de sair bem atrasado, quando outras unidades da federação como o Rio Grande do Sul, São Paulo e Minas Gerais, entraram no agronegócio da lavoura com cem anos de antecedência, no Acre há impedimentos agronômicos que inviabilizam a escala viável de produção.

Não à toa a excelente Embrapa define apenas quatro municípios no Acre com características naturais, em especial as condições de relevo, para cultivo mecanizado da soja.

Uma porção ínfima, bem pequena do território acreano, circunscrita às cidades de Acrelândia, Capixaba, Plácido de Castro e Quinary, são reconhecidas pela Embrapa com vocação natural para cultivo de soja.

Elaborar esse tipo de lista é fundamental por duas razões.

Primeiro por reconhecer a importância econômica de um setor altamente tecnificado que gera quase 50% da riqueza ou do PIB do país.

Segundo para congratular o esforço das cidades que a despeito dos contratempos e das dificuldades inerentes ao agronegócio das lavouras conseguiram superar gerando riqueza e bem estar para sua população.

Enquanto isso o agronegócio do Acre é o que sempre foi: pecuária extensiva.

Uma atividade produtiva rudimentar que depende do desmatamento, do baixo valor imobiliário da terra e da pouca qualificação do trabalhador para se manter competitiva em um mercado cada vez mais contra a parede.

Afinal, nenhuma atividade produtiva que dependa dos elevados custos ecológicos e sociais da destruição de uma floresta tropical que é monopólio estadual, que só existe por aqui, poderá resistir ao tempo trazendo os irrisórios retornos econômicos da criação extensiva de boi.

Não havia riqueza nas cidades da pecuária extensiva quando na década de 1990 poderia ter sido substituída e não há riqueza hoje quando se estabeleceu de vez.

Veja lista completa aqui:

https://www.gov.br/agricultura/pt-br/assuntos/noticias/mapa-divulga-os-100-municipios-mais-ricos-do-agronegocio-em-2023/os-100-municipios.pdf

 

*Engenheiro Florestal (UFRuRJ), mestre em Política Florestal (UFPR) e doutor em Desenvolvimento Sustentável (UnB).

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