COP16 da Convenção sobre Diversidade Biológica inicia na Colômbia com desafio de conservar as florestas do mundo
* Ecio Rodrigues
Embora
receba bem menos atenção que as outras duas convenções assinadas durante a
Rio92 (Convenção do Clima e da Agenda 21) a Convenção da Biodiversidade, como
ficou conhecida, pode ser até mais eficiente no controle do desmatamento.
Para
quem chegou mais recentemente, os 198 países que integram a Organização das
Nações Unidas, isto é todo o planeta, aprovaram em 1992, durante a segunda
Conferência sobre Desenvolvimento e Meio Ambiente (CNUMAD), três convenções.
A
mais conhecida das três, a Convenção sobre Mudanças Climáticas, terá sua
vigésima nona rodada de negociação, ou COP29 no código dos diplomatas, iniciada
em dezembro próximo, em Baku capital do Azerbaijão e a trigésima, ou COP30, em
Belém, capital do Pará, em 2025.
Com
negociações, complexas diga-se, realizadas a cada dois anos a Convenção da
Biodiversidade realizará sua COP16, a partir de 21 de outubro próximo, na
cidade de Bali, na Colômbia.
As
dificuldades de negociação são visíveis e desde a assinatura da Convenção da
Biodiversidade, há mais de trinta anos, os países negociam projetos
estruturados em três diretrizes principais: conservação da biodiversidade
(leia-se redução do desmatamento), exploração sustentável da biodiversidade e
repartição dos benefícios com as populações tradicionais.
Todos
devem concordar que conter o desmatamento e a destruição das florestas, ao
mesmo tempo em que se aprovam regras para explorar de maneira sustentável a
biodiversidade e ainda orientar a distribuição das receitas, ou dos lucros,
entre as populações que habitam o interior das florestas, dependem de
negociações bastante complexas.
Não
à toa, a diretriz sobre repartição dos benefícios ganhou maior visibilidade na
imprensa e dispendeu um tempo maior do que o disponível das autoridades que representaram
os países nas 15 edições das COP anteriores.
Ocorre
que ao se misturar o debate sobre biodiversidade com o espinhoso assunto da biotecnologia,
entra em cena o setor econômico dos cosméticos e da produção de remédios, um
ator que dado sua importância para o PIB dos países pode figurar como grande
solução ou insuperável obstáculo.
Tal
qual o processo que culminou na assinatura do Acordo de Paris em 2015, na COP
do Clima, os países ao invés de serem obrigados a cumprir resoluções aprovadas
em assembleia vão apresentar, na Colômbia, suas contribuições oficiais e
assumidas por cada um para zerar desmatamento, usar a biodiversidade e
distribuir a riqueza.
Ou
seja, cada um dos países participantes do sistema ONU, vai deixar registrado o
compromisso que foi acordado em seu próprio território, conforme a capacidade da
sua Nação para executar e honrar, até 2030.
A
partir do reconhecido avanço do Acordo de Paris existe muita expectativa nos
resultados da COP16 da Convenção da Biodiversidade na Colômbia.
*
Engenheiro Florestal (UFRuRJ, Mestre em Política Florestal (UFPR) e Doutor em
Desenvolvimento Sustentável (UnB).
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