Rio Acre não é prioridade em Rio Branco
* Ecio Rodrigues
Embora
tenham enfrentado situação de emergência em tragédias devido a recorrência de
alagação e seca no Rio Acre, os atuais gestores municipais da capital Rio
Branco e boa parte das administrações anteriores não se esforçam para tornar o
rio e os vários igarapés tributários em pauta para a política pública.
Na
verdade o dilema é um pouco mais grave (saiba mais aqui http://www.andiroba.org.br/artigos/?post_id=1905).
Em
raríssimos momentos, até mesmo durante o extremo apelo emocional e comoção
pelas famílias alagadas, os políticos com mandato atual no município buscaram
promover discussões e debates públicos sobre as alternativas possíveis,
soluções para evitar o colapso do rio.
Elevar
a vazão, com perdão do trocadilho, do Rio Acre em pauta política significaria
tratar o excesso ou falta da água que flui no leito do rio em um problema a ser
encarado por uma agenda de ações administrativas rotineiras e anuais a serem
executadas pelas administrações, como acontece com saúde e educação, por
exemplo.
Tipo
assim. Ao invés de insistir na muitas vezes desnecessária e absurda poda de
árvores, em uma cidade onde as temperaturas beiram os comuns 40 graus e a
sombra faz uma diferença impressionante, ações de rotina para promoção da
resiliência do rio seria priorizado (saiba mais aqui http://www.andiroba.org.br/artigos/?post_id=2523).
Por
sinal, além da ampliação da capacidade de resiliência dos fluxos de água, com
destaque para o Igarapé São Francisco e o Rio Acre, a política pública também
deve planejar, em todos os anos, a resistência publica para o enfrentamento dos
impactos da alagação nas residências.
Retirar
as famílias e as casas dos leitos, mesmo quando se confunde o leito com a
margem, como no caso da curva do bairro da Base no centro da capital que é
sempre o primeiro a aparecer no noticiário sedento pelo gosto de tragédia,
faria parte de uma ação corriqueira de resistência pública.
Transformar
a parte do leito ocupado pelas cheias em espaço público de observação da água,
isolar para que não ocorra retorno de alguns desavisados acostumados com os
falsos atrativos da alagação, plantar árvores adaptadas à mata ciliar e assim
por diante, são ações que requerem rotina administrativa por parte da
prefeitura (saiba mais aqui http://www.andiroba.org.br/artigos/?post_id=2515).
Rotinas
que ocorrem somente e quando o problema se transforma em pauta para a política
pública, são discutidos pelos parlamentares na Câmara e devolvidos com projetos
de solução para a população.
Não
se esqueçam, não será com romantismo que o problema será resolvido. Incentivar
a população a amar o rio é muito bom, mas não será com abraços que a vazão do
rio vai se comportar.
A
ladainha sobre uma seca que será recorde está só começando e no mesmo estilo da
alagação do início do ano.
Da
mesma forma que nunca veio não virá da imprensa, local ou nacional, nada que se
possa usar em um debate sobre projetos para resolver alguma coisa em Rio Branco
ou em nenhum outro lugar.
E,
pense bem, não existiria razão para racionar água se o serviço de água e esgoto
estatizado funcionasse com o mínimo de eficiência, mas isso é outro artigo.
*
Engenheiro Florestal (UFRuRJ, Mestre em Política Florestal (UFPR) e Doutor em
Desenvolvimento Sustentável (UnB).
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