Avanço do mercado voluntário de carbono na Amazônia pode ser analisado em mapa interativo elaborado pelo Idesan
* Ecio Rodrigues
Não é de agora, a discussão sobre o mercado voluntário de carbono
com foco na sua relevância para o desmatamento zero da Amazônia vem sendo
publicada aqui, nesse site, em artigos desde, pasmem, 2006 (acesse: Associação
Andiroba).
Inicialmente discutido no âmbito da teoria sobre Pagamento por
Serviços Ambientais, a manutenção do estoque de carbono nas árvores se referia
a apenas um dos serviços ambientais, que poderia ser complementado pela
participação das florestas na qualidade e quantidade de água potável, por
exemplo.
Se, de uma lado, o serviço prestado pelas florestas em relação a
água, inclusive para minimizar efeitos de alagações e secas ainda carecem de
precificação, a academia e pesquisadores, brasileiros e internacionais,
dedicaram esforço considerável para transformar em dinheiro o valor do carbono
retido nas árvore.
Sem detalhar muito, as árvores e seu conjunto as florestas,
nativas e plantadas mas no caso da Amazônia as nativas importam mais, são
reconhecidos repositórios de carbonos e consideradas a tecnologia mais barata e
com maior efetividade social e econômica para retirar o carbono que se encontra
na atmosfera.
Uma vez retido, o carbono precisa ser mantido na estrutura de
madeira das árvores por centenas de anos, desde que não ocorra desmatamentos, o
que deixa as florestas amazônicas em posição de destaque.
Chamado de mercado voluntário de carbono, os projetos que garantem
a conservação de uma área de floresta na Amazônia, após quantificada e cercada
de garantias contra o desmatamento, começaram a receber financiamento de países
e de empresas interessadas em cumprir metas de descarbonização de sua cadeia
produtiva.
Acordos internacionais aprovados no âmbito das Conferencias da
Partes da Convenção do Clima assinada na Rio 92, realizadas pela Organização
das Nações Unidas desde 1995, quando Berlim, na Alemanha, sediou a COP 01,
reforçam a importância dos países estabelecerem mercados institucionais para as
negociações de carbono.
Impulso expressivo para institucionalizar o mercado regulado de
carbono, que se diferencia do mercado voluntário devido a oficialização pelos
governos, veio da assinatura, ainda em 2015, do Acordo de Paris.
No caso brasileiro, uma proposta de legislação específica foi
aprovada no senado em 2023 e está em discussão pelo parlamento nacional, devendo
receber aprovação definitiva ainda em 2024 (acesse: Associação
Andiroba).
Disponibilizar informação, sobre o mercado voluntário e o
regulado, tem se mostrado um problema para a transparência das negociações e o avanço
de um mecanismo chave para o desmatamento zero da Amazônia.
A boa notícia é que em uma iniciativa a ser comemorada o Idesan (Idesam – Conservação e Desenvolvimento Sustentável)
preparou e publicou em seu site um mapa interativo sobre os projetos que
movimentam quantidades expressivas de carbono em fase de negociação e de
execução na Amazônia.
Ao acessar https://idesam.org/painelprojetoscarbonoflorestal/
o interessado visualiza em um mapa a distribuição, localização e o porte das
iniciativas no mercado voluntário de carbono na Amazônia e no Amazonas.
São mais de 100 projetos listados com detalhes sobre proponente,
beneficiário, valor negociado para os pagamentos, tamanho da área de florestas
manejadas para estocar carbono e, o melhor, submetidas a garantia de conservação
por meio de monitoramento por satélite.
A expectativa é de que a cada dia uma nova área de floresta nativa da
Amazônia esteja adicionada ao mercado de carbono e com desmatamento zero, para
sempre!
*Engenheiro
Florestal (UFRuRJ), mestre em Política Florestal (UFPR) e doutor em
Desenvolvimento Sustentável (UnB).
Comentários
Postar um comentário