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Mostrando postagens de 2023

Na COP28 desmatamento zero foi prioridade

* Ecio Rodrigues Antes de iniciar qualquer discussão jamais esqueça que a seca e alagação na Amazônia, eventos extremos que passaram a ocorrer em intervalos de tempo menores, são consequências do desmatamento. Foi a partir do corte raso de grandes áreas de floresta, com pico na década de 1970, mas que se manteve todos os anos com recordes perigosos em 1995 e 2004, que fenômenos climáticos como El Niño potencializaram os efeitos do desmatamento transformando estiagem e cheias nas tragédias da seca e alagação, respectivamente. Resumindo, esticar a corda no sentido de endurecer as regras, aumentar o investimento no sistema de comando e controle para alcançar o desmatamento zero, legalizado ou não, da Amazônia até 2030 deveria ser prioridade para os políticos. Na COP 28, que aconteceu em Dubai, a expectativa dos brasileiros foi que, sem poder contar com iniciativas promissoras nos nove governos estaduais, o Ministério do Meio Ambiente assumisse as rédeas e a responsabilidade pelo d...

COP28 decide pelo começo do fim do petróleo e do desmatamento

  * Ecio Rodrigues Somente com excesso de otimismo seria possível imaginar que os países reunidos na COP28, sediada em Dubai, tomariam decisões radicais para promover a transição energética no mundo, mas o sucesso das negociações veio da determinação de investimento maciço na descarbonização da economia. Por descarbonização leia-se, por exemplo, deixar de colocar dinheiro na geração de energia elétrica a partir de petróleo para atrair recursos para abastecer o mundo com energia gerada com tecnologia limpa como o uso da força da água, do sol, do vento e da biomassa florestal. No documento aprovado hoje, dia 13 de dezembro de 2023, que encerrou a COP28, intitulado de “Consenso dos Emirados Árabes Unidos”, os países após um grande esforço de negociação sob a chancela da ONU conseguiram avançar na estruturação de um fundo mundial de compensação. Discutido desde o primeiro dia da COP28 o fundo com aporte de dinheiro dos países ricos, apoiará ou compensará, como preferem alguns, ...

COP28 fechará cerco pelo desmatamento zero no mundo

  * Ecio Rodrigues Com desagradável gritaria a adesão do Brasil ao grupo de países que são os maiores produtores e exportadores mundiais de petróleo, conhecido por OPEP, recebeu maior atenção da imprensa brasileira que as negociações sobre desmatamento zero. Curioso, posto que nada importa para o aquecimento do planeta se a OPEP terá um membro a mais ou a menos, da mesma forma que a exploração da margem equatorial pela Petrobras, com poços localizados longe do litoral e mais ainda da foz do rio Amazonas, não passa de outra das nossas costumeiras distrações. O problema de fato é o desmatamento zero da Amazônia e poucos atentaram para o estudo publicado na COP28, por pesquisadores ingleses que fizeram um alerta muito perigoso aos brasileiros: a floresta tropical da Amazônia pode virar savana. Existe um “ponto de não-retorno” a partir do qual os ecossistemas não possuem resiliência suficiente para regenerar as espécies de árvores, ou de flora e fauna, que existiam no ambiente ...

BNDES, projeto SAF & Açude do Acre e reflorestamento na Amazônia

  * Ecio Rodrigues No rastro de medidas a serem anunciadas para que o Brasil retome o protagonismo para a política ambiental internacional, o BNDES anunciou o lançamento de edital com montante recorde de 450 milhões de reais para investir em projetos de reflorestamento na Amazônia. Além de louvável, a iniciativa merece aplausos pela objetividade ao priorizar a tecnologia mais barata, rápida e com elevado impacto social para realidade amazônica quando o objetivo é retirar carbono da atmosfera e reduzir o aquecimento do planeta: plantio de árvores. Mas aqui cabe um adendo, não se trata de uma proposta nova. Ou seja, em vários locais da Amazônia e desde a década de 1990 do século passado, várias experiências foram conduzidas com o propósito de reduzir o desmatamento devido à produção agrícola da região. Foi o caso por exemplo do reflorestamento com a tecnologia usada no Projeto SAF & AÇUDE, considerado um sucesso para a realidade rural do Acre. Foi implantado em 1995 pela ...

COP 28 e a seca na Amazônia

  * Ecio Rodrigues Antes de iniciar qualquer discussão jamais esqueça que a seca e alagação na Amazônia, eventos extremos que passaram a ocorrer em intervalos de tempo menores, são consequências do desmatamento. Foi a partir do corte raso de grandes áreas de floresta, com pico na década de 1970, mas que se manteve todos os anos com recordes perigosos em 1995 e 2004, que fenômenos climáticos como El Nino potencializaram os efeitos do desmatamento transformando estiagem e cheias nas tragédias da seca e alagação, respectivamente. Resumindo, esticar a corda no sentido de endurecer as regras, aumentar o investimento no sistema de comando e controle para alcançar o desmatamento zero, legalizado ou não, da Amazônia até 2030 deveria ser prioridade para os políticos. Na COP 28, que começa em 30 de novembro de 2023 em Dubai, a expectativa dos brasileiros é que, sem poder contar com iniciativas promissoras nos nove governos estaduais, o Ministério do Meio Ambiente assuma as rédeas e a r...

Questão do Enem está errada e nega a ciência com relação ao agronegócio no Cerrado, à biotecnologia, à mecanização, aos defensivos e, claro, ao capitalismo

* Ecio Rodrigues Pouco se comentou na imprensa afinal os jornalistas, em sua grande maioria, são fiéis defensores dos oprimidos e mais fracos mesmo quando nada disso vem ao caso, entretanto colocar o agronegócio do lado oposto faz parte do estúpido jogo. Por sinal, é bastante difícil entender direito de onde surgiu a rejeição, puramente ideológica e bastante insana, de um público que majoritariamente possui nível superior e acesso à informação, em relação ao reconhecido agronegócio nacional. Parece, por assim dizer, uma ideia insuperável e que apesar de contrariar preceitos científicos sólidos continua a impregnar as universidades, sobretudo as públicas e mais ainda as federais, aquelas sob a tutela do Ministério da Educação. Enquanto esse tipo de afirmação, deveras ultrapassada e erradíssima, circula entre os acadêmicos que devem estar se aposentando vá lá, o perigo surge quando esse tipo de prática universitária nefasta chega aos mais novos, ao Enem por exemplo. Parece louc...

Desmatamento de 9.001 km2 de florestas na Amazônia, em 2023, não devia ser notícia boa para COP28, mas é!

  * Ecio Rodrigues Difícil saber quanto do desmatamento ocorrido no período analisado pelo reconhecido Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, Inpe, que vai de 01 de agosto de 2022 a 31 de julho de 2023, aconteceu em 2022 ou 2023, mas o que importa mesmo é a queda. Em números relativos arredondados a boa notícia é que a área de floresta destruída na série 2022/2023 foi 22% menor que o corte raso realizado no período anterior, entre 2021/2022. Mesmo sendo um número absurdo de destruição florestal na Amazônia, a notícia é excelente na medida em que pode representar a inversão de uma tendência de alta iniciada ainda em 2013 e que deixou todos os países muito preocupados nos últimos quatro anos, entre 2019/2022. Explicando melhor. Considerado um ano histórico, o ciclo de desmatamento aferido entre 2011/2012 foi o único, em mais de 35 anos de precisas medições realizadas pelo Inpe, em que se destruiu área inferior a 5.000 Km 2 de florestas na Amazônia. Retornar a essas t...

Fim do Florestania no Acre: Gestores e técnicos despreparados

* Ecio Rodrigues Embora se reconheça a dificuldade do governo para selecionar e contratar profissionais experientes em projetos de desenvolvimento para o Acre, os líderes políticos do Projeto Florestania não demonstraram estatura para compreender e, o melhor, tentar vencer a empreitada. Segundo a teoria do Triangulo de Governo, elaborada pelo economista chileno Carlos Matus na década de 1970, os gestores e técnicos compõem a Capacidade de Governo que em conjunto com o Projeto de Governo e a Governabilidade formam o tripé de sustentação de um mandato.   No caso do fracasso do Projeto Florestania, analisado aqui e em outros artigos semelhantes publicados nesse espaço, a reduzida quantidade e qualificação dos gestores e equipe técnica comprometeu a Capacidade de Governo direcionada para criar as condições propícias ao progresso econômico.        Resumindo, o complexo desafio da transformação produtiva em direção ao aproveitamento do potencial repr...

Basa deveria apoiar restauração de mata-ciliar na Amazônia

  * Ecio Rodrigues Desde o século passado o Banco da Amazônia, apesar de entregar para a pecuária extensiva a maior quantia do Fundo Constitucional do Norte destinada ao crédito rural, repete propaganda enganosa afirmando apoiar a sustentabilidade da região. A propaganda é enganosa posto que ninguém pode negar, após uma série robusta de medições e estatísticas realizadas com rigor científico pelo Inpe desde 1988, que a pecuária extensiva é a principal responsável pelo desmatamento da Amazônia. Por óbvio, fornecer crédito para a pecuária extensiva é exatamente o mesmo que financiar o aumento anual do corte raso de florestas para liberar espaço, ou terra, para plantios de capim na Amazônia. Resumindo, os financiamentos aprovados pelo Basa para pecuária extensiva degradam a vida na Amazônia uma vez que desmatamento, seja legalizado ou não, jamais trará sustentabilidade econômica, social e ecológica para a região. Restaria ainda o argumento, igualmente fútil diga-se, de que o...

Na COP 28, Brasil retomará liderança da política ambiental na ONU

* Ecio Rodrigues Há um pequeno percalço para que os brasileiros retomem durante a COP 28, Conferencia das Partes para a Convenção de Mudanças Climáticas assinada na Rio 92 e que se inicia dia 30 de novembro de 2023 nos Emirados Árabes, a posição de liderança para política ambiental internacional na ONU: a divulgação da área desmatada na Amazônia. Todos que acompanham a política internacional de meio ambiente reconhecem o protagonismo da diplomacia brasileira nas discussões sobre o aquecimento do planeta e, talvez sem exceção, os países esperam pelo desmatamento zero da Amazônia. Divulgada com disciplina exemplar pelo conceituado Instituto Nacional de Pesquisa Espaciais, o Inpe, sempre no mês de novembro de cada ano, a taxa de desmatamento da Amazônia, contabilizada para o período de agosto de 2022 a julho de 2023, demonstrará o compromisso e a determinação do atual governo federal para zerar a destruição florestal da região. Ao abarcar cinco meses (de agosto de dezembro) de med...

Mercado regulado de carbono deve mobilizar políticos da Amazônia

  * Ecio Rodrigues Difícil entender as razões que fazem com que determinados temas entrem para a agenda política de uma região e passe a mobilizar seus representantes eleitos para o parlamento estadual e federal, mas com certeza o mercado de carbono na Amazônia ainda não faz parte dessa agenda. Após aprovação pelos senadores o projeto de lei que institui o denominado mercado regulado de carbono no país está sendo analisado pelos deputados federais sem que nenhum parlamentar, dos nove estados amazônicos, priorize o tema. Aqui cabe um adendo. A Câmara dos Deputados tem demonstrado, nos últimos dois anos, uma agilidade e eficiência bem superior na aprovação de assuntos polêmicos e urgentes quando comparada com a letargia e, às vezes, omissão demonstradas pelo Senado. Sendo assim, contando com o desempenho já demonstrado pelos deputados federais, tudo indica que em breve contaremos com uma legislação que forneça segurança jurídica aos investidores no auspicioso mercado de carbo...

Fim do Florestania no Acre: Equipe técnica sem Capacidade de Governo

  * Ecio Rodrigues Capacidade de Governo é um dos vértices do Triangulo de Governo, que somado ao Projeto de Governo e à Governabilidade formam o tripé de sustentação de uma administração por um ou mais mandatos. Para o economista chileno Carlos Matus, mentor da teoria do Triangulo de Governo na década de 1970, quando o tripé funciona o Presidente, Governador ou Prefeito terá sucesso, quando não, fracasso. A experiência única do Projeto Florestania, vivenciada durante 20 anos pelos acreanos, a despeito de seu estudo ter sido até hoje negligenciado pelos historiadores e cientistas políticos, representa excelente fonte de análise ao mostrar com clareza o momento inicial, do sucesso em 1998, e o final, do fracasso em 2018.    Melhor ainda, pesquisar os detalhes dos últimos 25 anos da história política do Acre, tendo por referência a teoria do Triangulo de Governo, ajudará a entender as causas para que o período de grande otimismo, observado sobretudo no início da déc...

Marco Temporal deve ser decidido pelos políticos eleitos e não no STF

* Ecio Rodrigues Existe uma dificuldade crônica para a imensa maioria dos brasileiros compreenderem a importância da separação dos três poderes republicanos e mais ainda para delimitar a função a ser desempenhada pelo Poder Judiciário e o Poder Legislativo. Além de contaminar as opiniões de representantes de alto nível a separação dos poderes, ponto sensível ao processo democrático, retrocede sempre que, por exemplo, juízes impõem por normas legais ao que deveria ser discutido e aprovado pelos políticos. Exemplos não faltam. Jornalistas de quase todas as empresas de mídia do país aplaudiram quando o Supremo Tribunal Federal, STF, preencheu a lacuna deixada pelo Congresso Nacional e recusou a tese do Marco Temporal para regularização fundiária de terras para os índios. Uma discussão muito complexa e que poucos na imprensa conseguem entender. Não à toa, as notícias priorizaram a separação dos ministros do STF e, por tabela, de todas as pessoas que conseguem opinar sobre o assunto...

Especialistas do Banco Mundial afirmam que crédito para pecuária extensiva incentiva desmatamento na Amazônia

  * Ecio Rodrigues Com o instigante título “Equilíbrio Delicado para a Amazônia Legal Brasileira: Um Memorando Econômico”, documento publicado pelo Banco Mundial, em 2023, sob a responsabilidade editorial do economista sênior Marek Hanusch, defende deslocar a outros setores o crédito público investido na pecuária extensiva na Amazônia. Colocando ênfase na máxima de que o desenvolvimento da Amazônia depende do desmatamento zero, os economistas analisaram as estatísticas sobre os benefícios trazidos pelo crédito rural subsidiado (gerido pelo Basa e oriundos do FNO, Plano Safra e Pronaf) para a economia regional e o impacto na taxa anual de desmatamento. A conclusão não poderia ser diferente do que tem sido reiterado em vários artigos publicados nesse espaço. A fartura de capital anualmente emprestado ao pequeno e grande produtor a juros reduzidos amplia a competitividade da principal atividade responsável pela substituição da cobertura florestal, a pecuária extensiva. Com c...