Na COP 28, Brasil retomará liderança da política ambiental na ONU
* Ecio Rodrigues
Há um pequeno percalço para que
os brasileiros retomem durante a COP 28, Conferencia das Partes para a
Convenção de Mudanças Climáticas assinada na Rio 92 e que se inicia dia 30 de
novembro de 2023 nos Emirados Árabes, a posição de liderança para política
ambiental internacional na ONU: a divulgação da área desmatada na Amazônia.
Todos que acompanham a política
internacional de meio ambiente reconhecem o protagonismo da diplomacia brasileira
nas discussões sobre o aquecimento do planeta e, talvez sem exceção, os países
esperam pelo desmatamento zero da Amazônia.
Divulgada com disciplina exemplar
pelo conceituado Instituto Nacional de Pesquisa Espaciais, o Inpe, sempre no mês
de novembro de cada ano, a taxa de desmatamento da Amazônia, contabilizada para
o período de agosto de 2022 a julho de 2023, demonstrará o compromisso e a
determinação do atual governo federal para zerar a destruição florestal da
região.
Ao abarcar cinco meses (de agosto
de dezembro) de medição durante o governo anterior, que foi notório pela
incompetência para controlar o desmatamento, e sete meses (de janeiro a julho)
do atual, que assumiu compromisso em priorizar a política ambiental durante a
campanha eleitoral, a área de floresta destruída em 2023 na Amazônia será
aguardada com elevada expectativa na COP 28.
Mas, até o momento os brasileiros
fizeram o dever de casa. O plano de controle do desmatamento (conhecido pelo
acrônimo PPCDAM) foi repaginado e relançado em junho com mais de 200 metas que
devem consumir quase 100% capacidade operacional do Ministério do Meio
Ambiente, MMA.
Todavia, o MMA concentrará parte
considerável das ações para controlar e zerar o desmatamento na Amazônia
somente se os gestores atuais não perderem tempo com as distrações sobre
exploração de petróleo, rotulagem de transgênicos, biopirataria e outras
tolices.
Em outra frente promissora a
aprovação pelos senadores e talvez a tempo de apresentar na COP 28 pelos
deputados federais, da legislação sobre o mercado regulado de carbono fornecerá
ao setor privado a relevância necessária para o alcance da meta de desmatamento
zero na Amazônia.
Ocorre que após a assinatura do
Acordo de Paris, ainda em 2015, os avanços para uma economia planetária de
baixo carbono sofreu forte revés em decorrência da busca desenfreada pelas
vacinas para conter a emergência sanitária da pandemia.
Porém, assim que os países
iniciaram sua recuperação, ainda no final de 2021, o Pacto Ambiental de
Glasgow, assinado na Escócia, retomou o rumo para consolidar um mercado internacional
de carbono a ser regulado pela própria ONU (acesse: http://www.andiroba.org.br/artigos/?post_id=5160&artigos_ano=2021).
Por óbvio o momento em nada se compara
com os quatro anos desperdiçados pelo governo federal que se despediu em 2022.
Agora é hora de uma discussão detalhada e objetiva sobre o futuro.
Resumindo, alcançar o
desmatamento zero da Amazônia antes de 2030 deveria ser encarada como
estratégia de política externa para o Brasil.
*
Engenheiro Florestal (UFRuRJ), Mestre em Política Florestal (UFPR) e Doutor em
Desenvolvimento Sustentável (UnB).
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