Desmatamento de 9.001 km2 de florestas na Amazônia, em 2023, não devia ser notícia boa para COP28, mas é!
* Ecio Rodrigues
Difícil
saber quanto do desmatamento ocorrido no período analisado pelo reconhecido Instituto
Nacional de Pesquisas Espaciais, Inpe, que vai de 01 de agosto de 2022 a 31 de
julho de 2023, aconteceu em 2022 ou 2023, mas o que importa mesmo é a queda.
Em números
relativos arredondados a boa notícia é que a área de floresta destruída na série
2022/2023 foi 22% menor que o corte raso realizado no período anterior, entre
2021/2022.
Mesmo sendo
um número absurdo de destruição florestal na Amazônia, a notícia é excelente na
medida em que pode representar a inversão de uma tendência de alta iniciada
ainda em 2013 e que deixou todos os países muito preocupados nos últimos quatro
anos, entre 2019/2022.
Explicando
melhor.
Considerado
um ano histórico, o ciclo de desmatamento aferido entre 2011/2012 foi o único,
em mais de 35 anos de precisas medições realizadas pelo Inpe, em que se
destruiu área inferior a 5.000 Km2 de florestas na Amazônia.
Retornar a
essas taxas é urgente e um passo largo para os brasileiros honrarem o
compromisso assumido com os 198 países associados da ONU, quando assinaram o
Acordo de Paris, ainda em 2015.
Contudo, tanto
a história quanto as estatísticas têm demonstrado que o retorno a 2012, para o
tema do controle e redução do desmatamento da Amazônia, demonstrou ser tarefa
que exige competência poucas vezes encontrada.
Por sinal,
nunca é demais lembrar que os atuais 9.001 km2 destruídos de
florestas ainda estão bem acima do período que antecedeu os últimos quatro anos
desastrosos de um governo que não conseguiu avanços em quase todos os
ministérios, muito menos para controlar o desmatamento na Amazônia.
Naquela época,
entre 2015 e 2018, os brasileiros desmataram em torno de 7.000 Km2
por período analisado, quando o crescimento em relação ao histórico ano de 2012,
preocupava as lideranças políticas com mandato para administrar a crise
decorrente da destruição florestal no país.
A
repercussão da queda e não propriamente da área em números absolutos de
floresta destruída, colocará o Brasil em evidência e muito bem na foto, durante
a COP 28 nos Emirados Árabes Unidos.
Afinal, a
expectativa a partir de agora é que o desmatamento na Amazônia seja reconhecido,
pelos fundos de capitais, economistas e dirigentes estatais, como fator de
decisão de investimentos em projetos baseados na economia de baixo carbono na
região e no país.
Após
concluir a aprovação das normas para o funcionamento do mercado regulado de
carbono e com o aquecimento do mercado voluntário, o momento é ideal para os
brasileiros se posicionarem como referência mundial para um desenvolvimento
menos intensivo em petróleo e combustíveis fósseis.
Retornar ao
histórico ano de 2012 é o caminho para o desmatamento zero da Amazônia e não há
plano b.
*Engenheiro
florestal (UFRuRJ), mestre em Política Florestal (UFPR) e doutor em
Desenvolvimento Sustentável (UnB).
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