COP 30 já começou
* Ecio Rodrigues
Planejada
para o período de 10 a 21 de novembro, a trigésima Conferência das Partes da
Convenção do Clima, ou simplesmente COP30, começou antes do carnaval com a
nomeação do presidente de honra e os acelerados preparativos em Belém, cidade escolhida
para sede em 2025.
Desde a
Rio92 tenho acompanhado com interesse incomum a realização, pela ONU, das
conferências de negociação e detalhamento do que foi decidido nas três
Convenções assinadas em 1992 no Rio de Janeiro.
Com recuos
e avanços a Convenção do Clima, quando comparada com a Convenção da
Biodiversidade e da Agenda 21, foi a que chegou mais perto de um pacto global
pela sustentabilidade, com acentuada decisão e determinação política internacional
para implantação.
Primeiro
ainda em 1997, com a assinatura do Protocolo de Quioto, o mundo se organizou
para iniciar a estruturação de um modelo de desenvolvimento em que o peso do
petróleo fosse, aos poucos, reduzido.
Apesar de
os países repetirem sua forte e permanente preocupação com o desmatamento da
Amazônia, no final da década de 1990, os mais de 190 associados da ONU estavam focados
na busca da certeza científica de que o planeta estava, de fato, aquecendo.
Apelando
para o Princípio da Precaução, uma estratégia um tanto contraditória diante do
desafio, os políticos mundo afora se sentiam pouco a vontade para impor regras de
transição para uma economia com menos combustível fóssil.
Em 2015,
quando todos os países da ONU, ou melhor, do planeta, assinaram o Acordo de
Paris a realidade era bem diferente.
Relatórios
seguidos do Painel de Cientistas da ONU, IPCC na sigla em inglês, composto por
mais de 3.000 pesquisadores representantes de todos os países membros da ONU,
forneceram a comprovação científica para superar o Princípio da Precaução.
A partir
daí, a urgência para gerar energia de maneira geral e energia elétrica em
particular sem usar, ou usando o mínimo possível, petróleo foi alçada à condição
de prioridade para a política internacional.
Enquanto
isso, por aqui os brasileiros e seus representantes políticos, conseguiram
aprovar e colocar em prática um arcabouço legal robusto para fomentar a geração
de energia elétrica considerada limpa, sem carbono.
Nunca, na
história brasileira, se captou tanta energia do sol, dos ventos e da água.
Melhor
ainda, mais de 140 usinas hidrelétricas representam quase 70% da energia
elétrica distribuída para residências e indústrias.
Com
crescimento excepcional nos últimos cinco anos, a geração de energia solar e
eólica passou a ter peso expressivo na matriz energética nacional.
O mercado
regulado de carbono, considerado peça chave para zerar o desmatamento da
Amazônia, foi aprovado e deve estar em pleno funcionamento ainda em 2025.
Nós brasileiros
temos as condições únicas e um histórico de atuação ousado para mostrar em Belém
nossos atributos para liderar uma política internacional de mitigação da
mudança climática.
Não podemos
e não vamos deixar escapar essa oportunidade.
*Engenheiro
florestal (UFRuRJ), mestre em Política Florestal (UFPR) e doutor em
Desenvolvimento Sustentável (UnB).
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