Após recorde de calor em 2023, ONU alerta: 2024 pode ser pior
* Ecio Rodrigues
Um relatório pouco animador foi publicado em 19 de março de 2024
pela Organização Meteorológica Mundial, OMM, organismo vinculado à Organização
das Nações Unidas, ONU, que reúne cientistas de todo mundo para monitorar as
condições climáticas no planeta.
Em sua divulgação para a imprensa a OMM afirmou que estava fazendo
um “Alerta Vermelho” para o mundo na tentativa de chamar atenção para a
gravidade e emergência do aquecimento e as consequentes mudanças no clima
planetário.
Segundo o relatório sobre o “Estado do Clima Global” no geral o
calor ou a média de temperatura do planeta foi, em 2023, a mais elevada de uma
série histórica robusta de estatísticas observadas em 174 anos de medições e
chegou a 1,45º (graus celsius) superiores à temperatura no período anterior à
revolução industrial.
Não precisa ser cientista para perceber que o Alerta Vermelho da
ONU pretende balançar os países, ou melhor, os políticos que estão no poder,
foram eleitos e, por conta disso, devem assumir a liderança de projetos de
descarbonização de suas economias.
Existe certeza científica suficiente para adoção de ações voltadas
à redução da produção de carbono, de um lado, e, no outro lado da equação, para retirada do carbono colocado na
atmosfera pelo modelo atual de economia que se ancora em combustíveis fósseis,
leia-se petróleo.
Afinal, as causas são mais que conhecidas e o mundo precisa de
projetos de contenção com pressa nunca vistas.
Significa afirmar, por exemplo, que a produção de energia,
sobretudo a elétrica, deve priorizar a construção de hidrelétricas e a queima
de biomassa florestal, que fornecem maior segurança à matriz de eletricidade,
bem como sua complementação com as fontes intermitentes, solar e eólica.
Em outra frente o mundo deve forçar a retirada, no curto e médio
prazo, do carbono que se encontra retido na atmosfera.
Plantar florestas e, o mais urgente hoje, zerar o desmatamento de
florestas nativas no mundo, deve congregar esforços das economias em todos os
países, mas especialmente nas regiões cobertas pelo bioma Amazônia.
Nesses pontos, o Brasil pode ser uma referência mundial.
Tanto na ampliação do aproveitamento da força das águas,
construindo usinas hidrelétricas onde for possível, quanto na redução drástica
do desmatamento da floresta amazônica.
No caso especial da Amazônia a construção de hidrelétricas se
mostrou, após mais de 50 anos de análises, medida acertada para trazer riqueza
ao tempo em que reduz o desmatamento na região.
Voltando ao tenebroso Alerta Vermelho da OMM e da ONU, existe um
fato deveras preocupante e que, até o momento, tem recebido pouca atenção dos
envolvidos na análise das alterações do clima planetário: a água do oceano foi a
mais quente após 65 anos de medições.
O calor dos mares e oceanos adquire preocupação excepcional em
decorrência da capacidade da água reter calor por muito mais tempo que a
atmosfera.
Isto é, o calor registrado nas águas superficiais de mares e
oceanos no mundo, em 2023, pode ser considerado irreversível e dependerá de
centenas de anos para retornar ao ponto anterior.
Conclusão, num raríssimo jogo de ganha-ganha devemos construir mais
hidrelétricas na Amazônia, reduzir o desmatamento e avançar na nova economia.
*Engenheiro
Florestal (UFRuRJ), mestre em Política Florestal (UFPR) e doutor em
Desenvolvimento Sustentável (UnB).
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