Explicação sobre fumaça no Acre está na Expoacre
* Ecio Rodrigues
Quase
ninguém. Bem poucas pessoas conseguem fazer a ligação entre a feira agropecuária
conhecida por Expoacre com a quantidade de fumaça em constante elevação no
Acre.
Primeiro,
cabe aqui um esclarecimento importante.
Existe uma
diferença enorme entre o agronegócio da produção de grãos, a soja, por exemplo,
que é realizado em Rondônia e todos os lugares até o Rio Grande do Sul, com
elevada tecnologia e sementes melhoradas, com a criação de boi solto no pasto.
No primeiro
caso, não se fala no uso do fogo para preparar o solo onde será cultivada a
soja e o milho, no processo de rotação indicado pela reconhecida Embrapa.
Muito
diferente do segundo caso, em que a aração, gradação e plantio mecanizado de
capim para suportar um boi em cada dois hectares usa e, em certas propriedades,
depende do uso do fogo.
Cabe outro
esclarecimento aqui.
O uso do
fogo é amparado pela legislação. Isto é, o produtor tem direito a colocar fogo
nas montanhas de restos de galhos e outros resíduos ou matéria orgânica que que
as leiras para queima ao lado do pasto.
O problema
na atividade econômica do agronegócio da pecuária extensiva é que o uso do fogo
para queimar o material depositado no enleiramento se transformou em queimada,
uma prática agrícola usada para queimar o próprio pasto em um sistema de
renovação, bastante equivocado, diga-se.
Atualmente
a queima de pasto velho, para aproveitar o adubo vindo das cinzas na rebrota do
capim, a princípio renovado, representa a maior parcela da fumaça que vem da
pecuária extensiva que, por sua vez, representa mais de 80% de toda fumaça que
torna a vida no Acre insuportável em agosto e setembro.
É nesse
ponto que entra o Projeto de Governo denominado de Agronegócio, com foco na
pecuária extensiva, e a Expoacre no incentivo para produzir mais fumaça.
Não é o
clima o responsável, embora exista um momento oportuno para queimar quando a
umidade relativa está bem baixa e a seca facilita, de um lado, que o fogo se
alastre e, de outro, que a fumaça não circule para a atmosfera.
Por isso
quando chega agosto e setembro, o produtor sabe que é chegada a hora de queimar,
mesmo sabendo também que a fumaça vai permanecer nas vias respiratórias de
todos.
Por isso o
Decreto de Moratória, que torna toda e qualquer queimada ilegal por um
determinado período, vem sendo editado pelo governo federal nos últimos 20 anos
de maneira recorrente.
Claro que a
moratória é medida desesperadora que não resolve o problema para o ano seguinte.
A solução definitiva
está no fim do apoio estatal e financeiro, em especial aquele ofertado pelo
Basa, ao agronegócio da pecuária extensiva, não tem outra.
*Engenheiro
florestal (UFRuRJ), mestre em Política Florestal (UFPR) e doutor em
Desenvolvimento Sustentável (UnB).
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