Casa de madeira é solução para litoral norte de São Paulo
* Ecio Rodrigues
Com tecnologia inovadora, que
prevê a construção de habitações em módulos de painéis confeccionados em
madeira e logo depois encaixados no pátio da própria obra, uma empresa de Araucária,
Paraná, venceu licitação do governo de São Paulo para reduzir déficit
habitacional devido à tragédia no litoral norte.
Um total de 518 residências,
entre apartamentos e casas de madeira, serão entregues às famílias desabrigadas
após os temporais e consequente deslizamento de morro impróprio à ocupação em
São Sebastião, no litoral paulista.
Além do emprego da madeira como
elemento estrutural principal na construção civil, seguindo uma tendência
observada em toda Europa e na Ásia, a Tecverde, empresa vencedora da licitação,
ainda ressalta duas vantagens cruciais: preço e rapidez.
Por óbvio, o valor inferior por
unidade habitacional e a rapidez na fabricação do painel e a montagem em local
definitivo foram decisivos para que a empresa vencesse o contrato licitado, orçado
em 72 milhões de reais.
Madeira de reflorestamento, como
as tradicionais árvores das espécies pinus e eucalipto, são mais baratas que o uso
do concreto armado, em especial após a elevação do preço do cimento e do ferro
decorrente da flutuação no mercado de petróleo.
Contudo, a rapidez da construção
para atender a demanda emergencial das famílias atingidas foi fator decisivo no
diferencial de competitividade da Tecverde.
Por incrível que pareça no método
baseado em encaixes dos painéis de madeira, reduzindo ao mínimo o emprego de pregos,
parafusos e cantoneiras, uma pequena equipe de cinco trabalhadores
especializados consegue a proeza de entregar seis casas prontas em apenas um
dia de montagem.
Após a terraplanagem e preparação
das fundações na nova área residencial próxima a que foi levada pela enxurrada,
um conjunto habitacional com 480 apartamentos e 38 casas de até 47 m2
será erguido com a montagem da Tecverde e poderão ser ocupados pelos
desabrigados, antes do final do ano.
Há ainda um terceiro diferencial
competitivo que apesar de pouco considerado no processo licitatório do governo
paulista possui extremo significado internacional no enfrentamento da atual
crise ecológica e após a assinatura do Acordo de Paris, em 2015.
Madeira é matéria-prima carbono zero.
Desde 2010 vários artigos
publicados nesse espaço ressaltaram a superioridade da madeira frente ao
concreto armado para a sustentabilidade ecológica das construções (para saber
mais acesse http://www.andiroba.org.br/artigos/?post_id=2031).
Não à toa, no Japão está sendo
edificado, pela empresa Sumitomo Forestry, em plena Tóquio, um edifício de 70
andares, todo em madeira (para saber mais acesse http://www.andiroba.org.br/artigos/?post_id=4137).
Para completar na Holanda, a Prefeitura de Amsterdã
aprovou projeto de um bairro inteiramente constituído por edificações em
madeira. Por inteiramente, entenda-se: tudo mesmo! (para saber mais acesse http://www.andiroba.org.br/artigos/?post_id=5328).
Há tendência mundial no uso de madeira
em construções e a razão é simples: o carbono retirado da atmosfera pelas árvores
plantadas será estocado na obra por anos.
* *Engenheiro
florestal (UFRuRJ), mestre em Política Florestal (UFPR) e doutor em
Desenvolvimento Sustentável (UnB).
Comentários
Postar um comentário