Centro de Biotecnologia da Amazônia ressurge após 20 anos
* Ecio Rodrigues
Rebatizado de Centro de
Bionegócios da Amazônia, o CBA a partir de maio de 2023 passará a ser
gerenciado por uma Organização Social, OS, que firmará Contrato de Gestão com o
Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços.
Somente para recordar, tanto o
CBA como a qualificação de OS para instituições de direito privado fizeram parte
do programa de modernização e reforma administrativa do estado brasileiro
conduzido até 2002.
Do lado do terceiro setor completava
as diretrizes para melhoria da gestão, durante os oito anos do governo FHC, a
qualificação de organizações não governamentais como Organização da Sociedade
Civil de Interesse Público, OSCIP.
Enquanto o modelo de OSCIP não
resistiu aos governos do período posterior a 2003, a criação de OS chegou aos
estados e até a alguns municípios, em que pese até hoje ser pouco compreendida
por instituições de monitoramento e controle da aplicação do orçamento público.
Mas isso é tema para outro artigo.
Encontrar um modelo de
gerenciamento adequado ao CBA foi um entrave recorrente desde sua criação.
Primeiro quando esteve vinculado
ao Ministério do Meio Ambiente e depois com o gerenciamento transferido para a Suframa,
que durante um bom tempo foi a principal fonte dos recursos destinados ao seu,
precário diga-se, funcionamento (para saber mais acesse: http://www.andiroba.org.br/artigos/?post_id=2339).
Até hoje o CBA, mesmo em seus
melhores momentos, não conseguiu operar acima de 30% de sua capacidade que
inclui 12 mil m² de área construída onde funcionam 26 laboratórios especializados
em biotecnologia que fornecem resultados de experimentos para uma unidade
modelo de indústria de produção de extratos, além de uma incubadora de empresas.
Por sinal, inclusive o modelo de
gestão por uma entidade de direito privado, como o que se inicia agora, foi
proposto com a OS Bioamazônia, criada pelo Decreto s/n publicado em 18 de março
de 1999.
Naquela época, a gritaria sobre
uma biopirataria jamais comprovada, fez com que um primeiro e imprescindível contrato
de prospecção firmado entre a OS Bioamazônia e a Novartis Pharma fosse
cancelado. Estupidez que rendeu um atraso de mais de 20 anos (para saber mais
acesse: http://www.andiroba.org.br/artigos/?post_id=3554).
Resumindo, a estrutura física localizada em
Manaus é impressionante e foi fruto de uma iniciativa inteligente, que,
infelizmente, deixou de funcionar devido a nossa insuperável e costumeira
dificuldade para gerir empresas estatais.
Frente ao engessamento dos
últimos 20 anos a expectativa é que o CBA consiga, finalmente, fechar negócios
de prospecção e de exploração de extratos florestais de modo a movimentar a
cadeia de valor associada à biodiversidade florestal da Amazônia (para saber
mais acesse: http://www.andiroba.org.br/artigos/?post_id=2341).
Somente assim, em um ciclo virtuoso
de melhoria da qualidade de vida, o pequeno produtor poderá manejar a oferta de
um leque variado de casca, folha, fruto e raízes presentes na biodiversidade
florestal de sua propriedade.
Óbvio que o desafio da OS formada
pela Fundação Universitas de Estudos Amazônicos, Universidade do Estado do
Amazonas e pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas de São Paulo para gerenciar
a nova fase do CBA é enorme.
O importante é que o sucesso no
gerenciamento do CBA colocará a economia da biodiversidade florestal da
Amazônia no lugar estratégico que deve ocupar.
* *Engenheiro
florestal (UFRuRJ), mestre em Política Florestal (UFPR) e doutor em Desenvolvimento
Sustentável (UnB).
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