Banco Mundial afirma que economia da Amazônia depende do desmatamento zero
* Ecio Rodrigues
Com
o sugestivo título “Equilíbrio Delicado para a Amazônia Legal Brasileira: Um Memorando
Econômico” estudo do Banco Mundial, editado pelo economista sênior Marek
Hanusch, não deixa dúvida sobre a emergência do desmatamento zero para a
Amazônia e o Brasil.
Por
“equilíbrio delicado” entenda-se a complexidade em promover crescimento econômico
ao mesmo tempo em que se reduzem as preocupantes taxas de desmatamento
observadas no período posterior a 2012, único ano em que se destruiu área de
floresta menor que 5.000 Km2 na Amazônia.
Dentre
as importantes revelações contidas no documento oficial do Banco Mundial chama
atenção o destaque para a conceituação do desmatamento zero como fator
determinante para a economia e o desenvolvimento da Amazônia.
Indo
bem além das justificativas ecológicas, por sinal mais que suficientes diante
da importância da maior floresta tropical do planeta para a humanidade, os
experientes economistas do Banco Mundial defendem que o aumento da
produtividade, em especial em atividades de manufatura realizadas em área
urbana, reduzirá a demanda por terras e a consequente destruição das florestas.
Acontece
que a relação de causa e efeito que mantem a tendência de alta do desmatamento
resulta da maior atratividade das atividades agrícolas (em especial a criação
extensiva de boi) frente a baixa produtividade da população urbana.
Por
isso, reforçam os economistas, “Reconhecer que a população da Amazônia Legal é
majoritariamente urbana pode ajudar a gerar vontade política para fomentar a
produtividade e gerar mais empregos urbanos”.
De
imediato, assumindo a urgência na promoção da dinâmica econômica na área urbana
das cidades que possuem oferta de serviços públicos mais avançados, para os
especialistas será necessário “o redirecionamento de incentivos implícitos a
agricultura extensiva, colocando-os a serviço da produção e produtividade
inteligentes em termos de clima”.
Todavia,
no processo de transição para o modelo de economia baseado na área urbana, há
uma questão a ser respondida: Quanto tempo será necessário para que a elevação
da produtividade urbana torne menos atrativo o investimento no desmatamento?
O
prazo de adaptação ao modelo baseado na produtividade é uma preocupação
recorrente dos especialistas responsáveis pelo estudo.
A
perspectiva é que enquanto a produtividade urbana não se consolida será
possível recorrer aos “...modelos de financiamento baseado no mercado que podem
ser alavancados para aumentar o financiamento para a conservação na Amazônia
Legal, desde que isso esteja claramente condicionado a desaceleração do
desmatamento”.
Continuando
os pesquisadores insistem que existe quantidade suficiente de dinheiro que pode
ser empregada para manter a economia do desmatamento zero uma vez que:
“Dado o alto valor
da Floresta Amazônica enquanto bem público, em comparação aos valores mais
baixos que costumam resultar do uso econômico de terras naturais convertidas
para uso privado, tem-se que o desmatamento constitui, de fato, uma enorme
destruição de riquezas e um incentivo implícito para um modelo de crescimento
ineficiente...”.
Com
a objetividade necessária, o Banco Mundial faz um alerta que está no cerne da
proposta de desenvolvimento econômico baseado na produtividade.
Titular as terras
na Amazônia é condição para o desmatamento zero.
Finalmente
e talvez o mais importante, o Banco Mundial não deixa dúvida sobre os ganhos de
reputação para a economia brasileira decorrentes do alcance do desmatamento
zero da Amazônia ao honrar o compromisso firmado no Acordo de Paris, ainda em
2015.
Concluindo,
para o Banco Mundial o desenvolvimento do país depende do desmatamento zero da
Amazônia uma vez que:
“O desmatamento é
uma decisão privada racional que é prejudicial ao bem-estar público. É uma
forma ineficiente de redistribuição de riquezas públicas para o privado, que
aumenta o bem-estar somente de certos agentes privados”.
*
Engenheiro Florestal (UFRuRJ, Mestre em Política Florestal (UFPR) e Doutor em
Desenvolvimento Sustentável (UnB).
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