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Mostrando postagens de março, 2025

COP30 discutirá formação do Cluster do Ecossistema na Amazônia

  * Ecio Rodrigues Há vinte anos o autor desse texto defendia, durante o doutorado no Centro de Desenvolvimento Sustentável da Universidade Nacional de Brasília, tese sobre o que chamou de saída pela floresta para a economia e o desenvolvimento da Amazônia em geral e do Acre em particular. De maneira bem resumida, o estudo detalhado e publicado em quase mil páginas discutiu, na primeira parte, um extenso rol de bibliografia, com mais de trezentas citações, sobre o fracasso do modelo de ocupação produtiva ancorado na expansão da pecuária extensiva. Planejada para servir de suporte no meio rural, ou no setor primário, para a indústria extrativa da mineração e a industrialização forçada pelo polo industrial e Zona Franca de Manaus, a criação extensiva de gado apresentaria relação custo-benefício deficitária e prejuízos incalculáveis para a sociedade.      Demonstraria assim, com certa facilidade e fartura de exemplos que a pecuária extensiva se viabil...

Plantio de café em Reserva Extrativista e desmatamento zero da Amazônia

  * Ecio Rodrigues Não foi a primeira vez e, por óbvio, não será a última que uma reportagem repleta de equívocos atrapalha a compreensão acerca das causas e consequências do desmatamento na Amazônia. Em matéria recente publicada em jornal de circulação nacional o pouco preparado responsável pelo artigo saudava, com um rol extenso de elogios, a produção de café na Reserva Extrativista Chico Mendes, no Acre. Um ícone para conservação da floresta na Amazônia, essa unidade de conservação inserida no grupo de uso sustentável, recebeu o nome do líder ecologista reconhecido mundo afora. A Resex Chico Mendes, como ficou conhecida, foi a primeira unidade desse modelo de conservação da floresta a ser instituída por Decreto do Presidente da República, ainda em 1990. Sua peculiaridade e diferencial frente a uma Estação Ecológica ou Parque Nacional é que a Resex concilia a presença de uma população tradicional explorando um ou mais produtos florestais no modo extrativista de produção...

Inexplicável recorde de queimadas no Acre em janeiro de 2025

  * Ecio Rodrigues Antes, outra informação importante foi o igualmente inexplicável recorde de queimada ocorrido em dezembro de 2024, quando foram detectados pelo reconhecido Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, Inpe, um total de 30 focos de fogo ante uma média para dezembro de 7 queimadas nos últimos 28 anos. Saltar de 7 para 30 queimadas e em dezembro, pode parecer pouco aos desavisados, mas não é! Pesquisadores e analistas que se debruçam para entender a dinâmica do desmatamento e das queimadas em toda a Amazônia e no Acre em particular foram surpreendidos pela gravidade das estatísticas. As razões não são nada óbvias posto que em dezembro a pluviosidade elevada não permite que o conhecido triangulo do fogo (fartura de combustível, temperatura ou calor e comburente ou oxigênio) se concretize ao umedecer o combustível e manter o termômetro em baixa. Quando comparado ao período dos três meses diabólicos das queimadas, em que há bastante floresta derrubada para quei...

Após 10 anos, Acordo de Paris se consolidará na COP30

  * Ecio Rodrigues Quando durante a Rio92, a Conferência da ONU sobre sustentabilidade do desenvolvimento que foi realizada no Rio de Janeiro em 1992, os países aprovaram a Convenção sobre Mudança Climática, poucos acreditavam no acirramento da atual crise ecológica. Dúvidas sobre o aumento da temperatura planetária inibiram a tomada de decisão da maioria dos representantes dos países, em especial daqueles mais desenvolvidos localizados no hemisfério norte que assumiram postura diplomática protocolar sem se comprometer com quase nada. Passados cinco anos e com a melhora na aferição científica sobre o aquecimento do planeta, que forneceram dados bem mais robustos sobre alguns elementos químicos com longa permanência longa na atmosfera, em especial o carbono que pode ficar por lá em mais de cem anos, em 1997 foi aprovado o Protocolo de Quioto. Considerado um primeiro e decisivo passo para inserir na agenda política internacional um conjunto de propostas de ação local voltadas...

Escola de Samba carioca esquece crise climática em 2025

  * Ecio Rodrigues Depois de a Escola de Samba Portela vencer o carnaval de 2017 cantando a importância da mata ciliar dos rios, enredos sobre a atual crise ecológica, que eleva a temperatura do planeta, parecem ter perdido tração. Para quem não se lembra, no Carnaval de 2017 do Rio de Janeiro, a Portela sagrou-se campeã do carnaval carioca decantando a mata ciliar. Entoando o lindo verso “Quem nunca sentiu o corpo arrepiar ao ver esse rio passar”, os portelenses se propuseram a discutir a importância dos rios e a necessidade de preservar o tipo especial de floresta representado pela mata ciliar (veja mais aqui:www.andiroba.org.br/artigos/?post_id=3649). Por duas fortes razões o esquecimento do tema do aquecimento do planeta e das visíveis e comprovadas alterações no clima, não deixam de significar certo distanciamento dos sambistas em relação à realidade cotidiana. Preferindo alguns temas com raiz africana, com seus orixás e outros símbolos que, também com muita razão, a...