Petróleo será explorado na Margem Equatorial e onde mais for viável até 2050
* Ecio Rodrigues
Há 20
anos, um conflito entre o Ministério da Agricultura e o de Meio Ambiente
dominou os noticiários com declarações fortes a favor e contra,
respectivamente, a produção de alimentos modificados geneticamente, para os
jornalistas apenas transgênicos.
Naquela
época, ambientalistas pouco preparados e com posição radical contrária aos
transgênicos defendiam que os rótulos dos produtos, sucrilhos por exemplo, que
usassem milho modificado estampasse, não somente no rótulo mas nos materiais de
divulgação, um alerta para o consumidor do tipo: cuidado produto transgênico.
Muitos
cientistas, inclusive aqueles que atuavam junto a Comissão Técnica Nacional de
Biossegurança, CTNBio, esclareceram que os transgênicos haviam sido mais
estudados que os produtos geneticamente melhorados por cruzamentos ao longo do
tempo e que não havia dúvida sobre sua segurança para consumo.
Os
mesmos ambientalistas, por suposto, que hoje apontam o dedo para negacionistas
da ciência em relação à vacina da Covid, se negaram a ouvir a CTNBio e os
pesquisadores sobre os benefícios econômicos e, óbvio, ambientais das sementes
transgênicas uma vez que exigiam menos agrotóxicos para cultivar.
Claro
que com o passar do tempo o cultivo de sementes melhoradas foi ampliado em todo
mundo e a rotulagem ambiental não impediu que a ciência confirmasse sua
irrefutável prevalência sobre a escuridão.
Deixando
os transgênicos de lado, o conflito sobre a exploração da margem equatorial, uma
área imensa de águas profundas localizadas no Oceano Atlântico muito acima do
litoral do Amapá, mas que para o Ibama e alguns jornalistas desinformados faz
parte da foz do Rio Amazonas, coloca de um lado o Ministério do Meio Ambiente e
de outro o Ministério das Minas e Energia.
Nem
precisa reforçar que os ambientalistas radicais negam a exploração de petróleo
em qualquer lugar mesmo que a ciência afirme ser possível, enquanto os engenheiros
da energia e muitos cientistas afirmem que a transição energética em direção às
fontes de geração limpa ainda dependerá de muito petróleo.
Há
fartura de estudos sobre a relevância da extração de petróleo onde for possível
até 2050, quando a oferta de eletricidade limpa, aquela que vem do sol, do
vento, da água e da biomassa dominará o mercado.
Não à
toa, o parecer da Advocacia Geral da União - AGU, publicado recentemente, deixa
claro que a exigência do Ibama por estudos denominados de Avaliação Ambiental
de Área Sedimentar não faz sentido agora, na fase de prospecção da viabilidade
da exploração de petróleo na Margem Equatorial.
Mais
grave, segundo a AGU o leilão de outorga aconteceu em 2013 o que autorizou o
processo até a fase atual, por isso uma junta de conciliação entre os
ministérios deveria ser instalada com objetivo de encaminhar a prospecção e
atender, no que for plausível pela ciência, a demanda dos ambientalistas.
Tal
qual o imbróglio dos transgênicos em 2003, o petróleo da Margem Equatorial pode
tirar alguns da área ambiental do governo. Espera-se que somente os radicais.
*Engenheiro Florestal (UFRuRJ), mestre em Política Florestal (UFPR) e doutor em Desenvolvimento Sustentável (UnB).
Comentários
Postar um comentário