Postagens

Mostrando postagens de junho, 2022

Política Florestal de 2001 garantiu produção de madeira manejada no Acre

  * Ecio Rodrigues Em dezembro de 2021, a Política Florestal do Acre, instituída pela Lei Estadual 1.426/2001, completou 20 anos – e, desse modo, pode ter encerrado o seu prazo de vigência. A despeito de nunca ter sido objeto de prioridade por parte dos gestores públicos e muito menos de ter recebido alguma atenção da imprensa, essa legislação representou um verdadeiro marco, um divisor de águas no que respeita à economia florestal do estado. Estudos realizados pelos engenheiros florestais da Ufac no decorrer do projeto “Política Florestal do Acre 20 anos depois” demonstram os efeitos dessa diretriz de política pública para fomentar a contribuição da biodiversidade florestal na geração de riqueza em âmbito estadual. A análise abrangeu o período de 1990 a 2020, tendo-se embasado, pelo prisma da economia, nas informações do IBGE acerca da realidade produtiva do estado; e pelo lado ambiental, nos índices anuais de desmatamento levantados pelo Inpe. Os resultados não deixam d...

A árvore de seringueira não, mas a borracha do Acre foi extinta

  * Ecio Rodrigues Classificado como “ouro branco” no final do século XVII, o látex oriundo da árvore de seringueira fez surgir o mais importante e duradouro ciclo econômico da Amazônia – que proporcionou à região uma riqueza jamais igualada por nenhum outro produto do setor primário. Basta dizer que as receitas geradas no período superam em muito os ganhos decorrentes da exportação das drogas do sertão, do cacau nativo e mesmo das espécies madeireiras, incluindo o mogno. Embora existam divergências relacionadas às datas de início e termo final, parece ser consenso, entre os pesquisadores que se dedicam ao tema, que a história econômica da Amazônia registra, na verdade, dois ciclos da borracha – ou seja, dois intervalos de tempo distintos, marcados por pico de produção e de exportação. O mais longo e profícuo, que perdurou por mais de 30 anos, iniciou-se nos idos de 1880, quando ocorreram as primeiras remessas (para Boston, EUA), tendo vigorado até 1911. A partir daí, os...

Mercado regulado de carbono no Brasil já começou!

  * Ecio Rodrigues Como contraponto à diretriz de ocupação produtiva atualmente vigente na Amazônia, baseada no desmatamento para o cultivo de capim, o modelo representado pela reserva extrativista – categoria especial de unidade de conservação concebida no Acre no final da década de 1980 – pressupunha a exploração e valoração comercial dos produtos florestais. Em tal modelo, os serviços ambientais prestados pelas florestas deveriam ser precificados pelo mercado, funcionando como contrapeso para influenciar a decisão privada de investimento. Uma vez adicionados à cesta de produtos ofertados pela reserva extrativista, esses serviços ambientais – relacionados à retirada de fumaça da atmosfera, redução da temperatura do planeta e melhora da qualidade da água fornecida às populações urbanas – elevariam a competitividade da biodiversidade florestal frente à atrativa (especialmente no curto prazo) pecuária extensiva de gado. Adicionalmente – e assumindo-se que a persistente ampli...

O metano e a criação extensiva de boi na Amazônia

  * Ecio Rodrigues Ano passado, quando os EUA – durante a COP 26, na Escócia – capitanearam a celebração de um pacto no intuito de conter o metano lançado na atmosfera terrestre, boa parte dos ambientalistas questionou a iniciativa, classificando-a de propaganda enganosa. Em pequena medida, o descrédito dos ambientalistas se justificava, pois mais de 70% do metano produzido no planeta provém da pecuária bovina - ou seja, é expelido pelos bois. Resulta daí que o controle das emanações esbarra em entraves tecnológicos, sem contar que esse tipo de intervenção pode afetar a oferta mundial de carne e leite. A despeito desses empecilhos, todavia, mais de 100 países – entre os quais os maiores expoentes do mercado de commodities agrícolas – aderiram ao “Compromisso Global do Metano”, pactuando o cumprimento de uma meta ambiciosa: até 2030, cortar 30% do volume total de metano a que dão causa. Por sinal, a participação dos líderes em produção agropecuária era um dos requisitos para...