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Mostrando postagens de abril, 2022

Fiscalização é solução paliativa para desmatamento na Amazônia

  * Ecio Rodrigues De uma análise ligeira constatam-se 3 pontos de inflexão na curva do desmatamento da Amazônia. Os dois primeiros se referem aos níveis recordes de desmatamento alcançados em 1995 e 2004. O terceiro, por outro lado, marca o ano de 2012, o único (até hoje) em que a destruição florestal atingiu uma área inferior a 5.000 km 2 . As estatísticas demonstram com clareza que a fiscalização ajuda, todavia – e a despeito de impingir altíssimos custos ao orçamento público, tanto na esfera federal quanto no âmbito dos 9 estados amazônicos   – está longe de ser a saída para zerar o desmatamento na região. O caso do recorde de 1995 é exemplar para entender o efeito da fiscalização. Em decorrência da intensa ação fiscalizatória levada a cabo no período pós-recorde, a taxa de desmatamento sofreu queda abrupta em 1996; contudo, já a partir de 1998 se observa a retomada da tendência de alta.   Ou seja, ainda que as ações de controle produzam efeito imediato, lev...

Incêndios, queimadas e o seguro de florestas na Amazônia

  * Ecio Rodrigues De forma geral, todos os anos, no período de seca, quando surge o risco de ocorrência de incêndios florestais na Amazônia, o clamor e a gritaria costumam ser intensos. Contudo, as apreensões não se convertem em ações efetivas. Aqui, importa diferenciar os incêndios florestais das queimadas, eis que muitas vezes os jornalistas (e mesmo uma parcela dos ativistas ambientais) não fazem essa distinção e, equivocadamente, abordam os dois perniciosos eventos como se similares fossem – ou seja, como se correspondessem a duas designações diferentes para a mesma mazela. Ocorre que, muito embora o fogo ateado para a limpeza de pastos ou roçados possa sair do controle e, uma vez favorecido por fatores climáticos, possa alcançar a floresta, os dois conceitos não se confundem: enquanto a queimada configura prática agrícola de periodicidade anual amplamente empregada no meio rural, principalmente para a renovação de pastos, o incêndio florestal atinge as árvores em seu am...

Política Florestal do Acre, 20 anos depois

  * Ecio Rodrigues Em 2001, numa iniciativa que merece elogios, o Acre se tornou o primeiro estado amazônico a instituir sua própria política florestal. Entre outros, dois propósitos primordiais orientavam a política florestal acreana, introduzida pela Lei Estadual 1.426/2001. Primeiro, a contenção da tendência de alta para posterior redução dos índices de destruição florestal; segundo, mas não menos importante, a ampliação da participação da biodiversidade florestal na geração de riqueza e, por conseguinte, na composição do PIB estadual. Depois de 20 anos de execução, e tendo em conta esses ambiciosos objetivos, surge de pronto a pergunta: foram alcançados? Uma equipe de pesquisadores conduzida pelo professor Luiz Augusto Mesquita de Azevedo, da Ufac (Universidade Federal do Acre), e que contou com a participação ativa da Unesp de Ilha Solteira, na pessoa do professor Jairo Salim Pinheiro de Lima, nos últimos 2 anos, empreendeu uma análise minuciosa –   mais do que ne...

Pesquisas nas florestas do Acre sempre dependeram da Alemanha

  * Ecio Rodrigues Desde 2019 – quando o governo resolveu, de maneira estúpida e injustificável, atacar o apoio técnico e financeiro fornecido pela cooperação internacional à floresta amazônica –, que o dinheiro doado por Noruega e Alemanha ao Fundo Amazônia se encontra paralisado, sem condições de ser acessado. Diante de tal constatação, é constrangedor (para dizer o mínimo) o persistente descaso demonstrado pelos senadores e deputados do Acre. Entre os estados amazônicos, o Acre sempre foi um dos mais beneficiados pela cooperação com a Alemanha – que vem garantindo investimento em pesquisas nas florestas acreanas há cerca de 40 anos. Ainda na década de 1980, os peritos da agência de cooperação alemã, antes conhecida por GTZ e atualmente, por GIZ, já estavam no cerne das discussões em torno do que viria a ser denominado, na década seguinte, de Zoneamento Ecológico- Econômico-ZEE, disponibilizando aos técnicos do governo e das ONGs envolvidos com o tema a reconhecida experiên...