Postagens

Mostrando postagens de junho, 2020

O pacto da quarentena

* Aurisa Paiva & Raquel Eline S. Albuquerque Existe uma máxima na ciência política que certamente pode ser aplicada a situações de crise como a que vivemos, que por seu turno dependem da atitude firme de lideranças no exercício de cargo de representação política: será sempre mais fácil impor regras a favor da correnteza. Os ingleses inventaram, como sempre fazem, uma palavra para isso. Denominam enforcement o sistema voltado para fazer cumprir um decreto, uma lei ou outra norma que submeta um povo a uma nova conduta. Sempre que a correnteza social – veja bem, está-se a falar de correnteza , não de maioria , nem sempre os dois termos têm correspondência – se direciona para um novo estado de coisas, o custo político e econômico será bem maior para reverter essa força, ou tendência. Em março, o custo da decisão pela quarentena foi deveras elevado para governadores e prefeitos, que arcaram com a responsabilidade de impor essa medida drástica, ainda que recebendo posteriormen...

TAUARI – Couratari macrosperma A. C. Sm.

* Pamella K. C. do Nascimento TAXONOMIA CLASSE: Magnoliopsida; ORDEM: Ericales; FAMÍLIA: Lecythidaceae; NOMES COMUNS: tauari, imbirema, tauari-amarelo, tauari-morrão; DESCRIÇÃO ALTURA: 20 a 50 metros; TRONCO: 50 a 60 centímetros; CASCA: fissurada verticalmente, escura; FLOR: amarela e branca; FRUTO: cilindro, arredondado, lenhoso, marrom; BIOLOGIA REPRODUTIVA FLORAÇÃO: março a abril; FRUTOS MADUROS: junho a setembro; DISPERSÃO: anemocórica; SEMENTE/KG: 1.870 unidades; GERMINAÇÃO: 82%; PRODUÇÃO DE MUDAS: posicionar as sementes lateralmente no substrato argilo-arenoso, de forma semi-enterrada, em recipientes individuais, em local semi-sombreado e irrigar 2 vezes ao dia; EMERGÊNCIA DE PLÂNTULAS: 24 a 105 dias ; PLANTIO DEFINITIVO: muda com 6 a 8 meses . INFORMAÇÕES ECOLÓGICAS E ETNOBOTÂNICA É uma espécie heliófita e caducifólia em época de floração, expondo a copa plena de flores assimétricas, cor-de-rosa, ocorrendo em florestas de terr...

Legal ou ilegal, missão do MMA é zerar desmatamento na Amazônia

* Ecio Rodrigues Em 2019, as medições realizadas pelo reconhecido Inpe detectaram significativo aumento nas taxas de desmatamento na Amazônia, inclusive em unidades de conservação – como a reserva extrativista Chico Mendes, localizada no Acre. Fazendo uso da estratégia bastante equivocada de contrapor um problema com outro, bem ao estilo “soltar um bode na sala”, em resposta aos números alarmantes divulgados pelo Inpe, o Ministério do Meio Ambiente, MMA, rebateu que boa parte do desmatamento medido era legalizada, ou seja, realizada sob o amparo do Código Florestal e normas correlatas. Acontece que não é possível, atualmente, pelo menos no decorrer do mesmo ano da medição, diferenciar o desmatamento legalizado do ilegal (praticado ao arrepio da legislação). Ademais, essa diferenciação é importante para o planejamento de políticas públicas, todavia, o MMA tem como missão institucional zerar o desmatamento – todo desmatamento, não importando se ilegal ou legalizado. Com efeit...

LOURO-CHEIROSO – Ocotea odorífera (Vell.) Rohwer

* Pamella K. C. do Nascimento TAXONOMIA CLASSE: Magnoliopsida; ORDEM: Laurales; FAMÍLIA: Lauraceae; NOMES COMUNS: louro-cheiroso, sassafrás, canela-funcho, canela-cheirosa; DESCRIÇÃO ALTURA: 15 a 25 metros; TRONCO: 50 a 70 centímetros; CASCA: espessa, escura, rajada; FLOR: amarela-clara; FRUTO: drupa, carnosa, violáceo a marrom escuro; BIOLOGIA REPRODUTIVA FLORAÇÃO: agosto a setembro; FRUTOS MADUROS: abril a junho; DISPERSÃO: zoocórica; SEMENTE/KG: 650 unidades; GERMINAÇÃO: 55%; PRODUÇÃO DE MUDAS: após tratamento pré-germinativo, dispor os frutos, após a colheita, em canteiros ou recipientes individuais, com substrato organo-argiloso, cobrir os frutos com o substrato peneirado e irrigar 2 vezes ao dia; EMERGÊNCIA DE PLÂNTULAS: 30 a 50 dias ; PLANTIO DEFINITIVO: muda com 9 meses . INFORMAÇÕES ECOLÓGICAS E ETNOBOTÂNICA É uma espécie heliófita e perenifólia, que prefere o alto das encostas de solos rasos e de rápida drenagem, adquirin...

Regionalização da gestão ambiental é desafio insuperável

* Ecio Rodrigues Nos últimos 40 anos, o país discutiu e aprovou um arcabouço jurídico com o objetivo precípuo de promover a conservação de seus ativos ambientais, notadamente no que diz respeito a água, florestas e qualidade do ar. Esse aparato normativo se aplica em todo o território nacional, sem considerar diferenças locais. A uniformização e a padronização pautaram a aprovação do que pode ser considerado o mais importante instrumento jurídico para a conservação ambiental –o Sistema Nacional de Meio Ambiente, Sisnama, instituído por meio da Lei 6.938/1981 . Posteriormente, as normas que surgiram para regulamentar o uso dos recursos hídricos, das florestas nativas e do ar seguiram o mesmo formato de padronização nacional estabelecido pelo Sisnama. Sem embargo, em um país de dimensões continentais, o movimento ambientalista, apoiado por um número expressivo de especialistas, defende a regionalização das normas, no intuito de promover sua adequação à realidade ecossistêmica d...

Sobre o espinhoso tema do licenciamento ambiental

* Ecio Rodrigues Quando a economia está aquecida e os investimentos acontecem, a discussão em torno das exigências impostas para o licenciamento ambiental de grandes empreendimentos, em especial na Amazônia, costuma ressurgir pelo viés equivocado do “entrave ao desenvolvimento”. Acontece que obras que demandam elevado aporte de recursos financeiros – que no caso da Amazônia se restringem, basicamente, à pavimentação de rodovias e construção de hidrelétricas –, ao mesmo tempo que melhoram a dinâmica econômica também ampliam a pressão por desmatamentos e queimadas. Contudo, dado que o desempenho da economia em 2019 foi pior que nos dois anos anteriores (Governo Temer), sendo que no corrente 2020 o quadro se agravou ainda mais, em parte devido à pandemia, mas principalmente por conta da inépcia do governo federal, não há razão para crer em entrave motivado pelo licenciamento ambiental. Longe de obstruir o progresso ou causar qualquer coisa do tipo, o processo de licenciamento ambi...

LOURO-ABACATE – Ocotea myriantha (Meisn.) Mez.

* Pamella K. C. do Nascimento TAXONOMIA CLASSE: Magnoliopsida; ORDEM: Laurales; FAMÍLIA: Lauraceae; NOMES COMUNS: louro-abacate, louro-tucano, louro, louro-branco, louro-cagão; DESCRIÇÃO ALTURA: 10 a 20 metros; TRONCO: 20 a 35 centímetros; CASCA: escura; FLOR: branca, perfumada; FRUTO: baga, ovóide, verde a amarela; BIOLOGIA REPRODUTIVA FLORAÇÃO: março a junho; FRUTOS MADUROS: setembro a dezembro; DISPERSÃO: zoocórica; SEMENTE/KG: 650 unidades; GERMINAÇÃO: 55%; PRODUÇÃO DE MUDAS: após tratamento pré-germinativo, dispor os frutos, após a colheita, em canteiros ou recipientes individuais, com substrato organo-argiloso, cobrir os frutos com o substrato peneirado e irrigar 2 vezes ao dia; EMERGÊNCIA DE PLÂNTULAS: 30 a 50 dias ; PLANTIO DEFINITIVO: muda com 8 a 9 meses . INFORMAÇÕES ECOLÓGICAS E ETNOBOTÂNICA É uma espécie heliófita e pioneira, característica de terrenos firmes e arenosos, de mata secundária e floresta de várzea. Para a...

PAU-JACARÉ – Laetia procera (Poepp.) Eichl.

* Pamella K. C. do Nascimento TAXONOMIA CLASSE: Magnoliopsida; ORDEM: Malpighiales; FAMÍLIA: Flacourtiaceae/Saliaceae; NOMES COMUNS: pau-jacaré, guaxima-macho, periquiteira, camacã, maria-preta; DESCRIÇÃO ALTURA: 20 a 30 metros; TRONCO: 30 a 60 centímetros; CASCA: escura, espessa, acanalada, áspera, desprende-se em placas retangulares; FLOR: branca e creme; FRUTO: baga, ovóide; BIOLOGIA REPRODUTIVA FLORAÇÃO: setembro a outubro; FRUTOS MADUROS: maio; DISPERSÃO: zoocórica; SEMENTE/KG: informação não encontrada; GERMINAÇÃO: 60% a 80%; PRODUÇÃO DE MUDAS: dispor as sementes, logo que colhidas, em canteiros ou recipientes individuais, a pleno sol, com substrato organo-arenoso e irrigar diariamente; EMERGÊNCIA DE PLÂNTULAS: 6 a 14 dias ; PLANTIO DEFINITIVO: muda com 4 meses . INFORMAÇÕES ECOLÓGICAS E ETNOBOTÂNICA É uma espécie heliófita e pioneira, característica das matas secundárias e capoeiras abertas, sendo rara em floresta primária....

Na área ambiental, gestores públicos não executam o planejado

* Ecio Rodrigues No Brasil, a discrepância entre o planejamento e a execução das decisões políticas é gigantesca – em especial quando, no primeiro caso, as evidências científicas (estatísticas e série histórica de dados primários) são a base da planificação e, no segundo, o populismo eleitoral dá o tom à execução. Exemplos não faltam. Pode-se citar o setor do saneamento, onde houve, nos últimos 20 anos, não apenas um grande esforço de planejamento, mas também de institucionalização desse planejamento, mediante a aprovação de legislação nas 3 esferas de governo (federal, estadual e municipal). A despeito desse esforço, todavia, os estudos demonstram que os serviços de fornecimento de água e coleta e tratamento de esgoto avançam muito lentamente, e o país ainda está muito longe de alcançar a necessária universalização. O mais incrível é constatar que as leis simplesmente não são cumpridas – não “pegam”, como se diz. Ao que parece, os gestores públicos, nomeados mais por conveni...