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Mostrando postagens de abril, 2021

Depois de recusar COP 25, Brasil se humilha na cúpula do clima dos EUA

  * Ecio Rodrigues Para quem não lembra, no final de 2018, depois de louvável esforço da gestão Temer para trazer ao país a COP 25 (25ª Conferência das Partes da Convenção sobre Mudanças Climáticas da ONU, que se realizaria em 2019), o Brasil, surpreendentemente, se negou a sediar o evento. A desistência brasileira, como se sabe, se deu por decisão do governo então recém-eleito, segundo o qual não apenas a COP 25 seria irrelevante, como também as 24 conferências anteriores – todas decorrentes da Rio 92, quando foi assinada a Convenção do Clima – não tiveram serventia para o país. Na deturpada visão dos novos governantes, esse extraordinário esforço diplomático envolvendo as 195 nações associadas ao sistema ONU em prol da redução das emissões de carbono e mitigação dos efeitos do aquecimento global – e que resultou na celebração do Acordo de Paris em 2015 – teria na verdade o propósito oculto de destruir a economia dos países em desenvolvimento. A COP 25 foi realizada em Mad...

Para Basa, criação extensiva de boi é desenvolvimento sustentável

  * Ecio Rodrigues Não é de hoje que, à medida que entra e sai governo do Planalto, o Basa (Banco da Amazônia) escapa por um triz de ser extinto – e a justificativa da área econômica para encerrar de vez as atividades desse banco é simples: Banco do Brasil e BNDES podem atender, e com maior estrutura técnica, à demanda que chega ao Basa. Mas não é só isso. Embora o Basa venda uma imagem de instituição financeira que apoia o desenvolvimento sustentável da Amazônia, a verdade é que carrega um cabedal de carteiras de crédito que disponibilizam financiamentos bastante discutíveis – para dizer o mínimo –, como o direcionado à formação de pastos em projetos de pecuária extensiva. Assim, há muito tempo os projetos aprovados pelo banco vêm sendo colocados em xeque, e agora, mais do que nunca, quando o sistema financeiro internacional passou a adotar critérios rigorosos de sustentabilidade para o financiamento de empreendimentos – sendo o cumprimento da meta de desmatamento zero na A...

Política Nacional de Meio Ambiente, 40 anos depois

  * Ecio Rodrigues Ao completar, em 2021, 40 anos de execução, a Política Nacional de Meio Ambiente enfrenta o seu maior teste de resistência. Com efeito, ao longo dessas quatro décadas, nunca um governo manifestou tamanho desprezo em relação às questões ambientais como o atual, a ponto de ter cogitado extinguir o Ministério do Meio Ambiente, MMA. A interferência do setor do agronegócio, que, óbvia e ponderadamente, se opôs àquela estapafúrdia ideia, foi decisiva para a permanência do MMA. Os gestores nomeados para a pasta, todavia, dando sucessivas mostras de incompetência e insensatez, continuaram a trilhar o caminho do descaso para com o tema do meio ambiente. Entre outros disparates perpetrados, os gestores ambientais: desabonaram o Acordo de Paris – que, segundo sua deturpada visão, seria fruto de uma conspiração mundial para frear a economia brasileira; sabotaram o Fundo Amazônia, valendo-se do absurdo argumento de que a doação de mais de 300 milhões de dólares por pa...

Biodiversidade florestal da Amazônia não tem valor de mercado

  * Ecio Rodrigues   Para amoldar a produção rural da Amazônia aos ideais de sustentabilidade preconizados pela ONU e pelo mundo, é necessário alterar a percepção social acerca do que se pode chamar de “valor da biodiversidade florestal”. Significa dizer que a concretização do potencial que a biodiversidade florestal da Amazônia apresenta para a geração de riqueza exige adequação de investimentos, sejam públicos ou privados, à sua realidade ecossistêmica. Dessa forma, a prioridade máxima de todos os envolvidos com os destinos da região deveria ser ampliar, no curto prazo e de forma significativa, o valor dos bens e serviços que a biodiversidade florestal pode oferecer de maneira permanente. Um primeiro passo importante é deixar de lado a visão romântica da floresta como selvagem e intocável, que predomina desde a década de 1980 ou mesmo antes, e assumir a visão da biodiversidade florestal como fonte de riqueza – não num futuro distante, mas agora. Explicando melhor...