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Mostrando postagens de 2016

O governo e o marco legal das ONGs

* Ecio Rodrigues Ao que tudo indica, foi fácil aos últimos governos negar o marco legal aprovado na década de 1990 para regular a atuação das organizações da sociedade civil que prestam serviço público; difícil, contudo, foi propor algo melhor ou mais contemporâneo. Para entender melhor. Após o fim do regime militar, no final da década de 1980, o país ferveu com a sensação de liberdade: o desejo da população era participar de discussões envolvendo a elaboração e execução de políticas estatais. Todos, em especial os beneficiários, queriam ser ouvidos. Um conjunto variado de entidades surgiu para dar voz à sociedade e reivindicar a criação de conselhos e outros espaços públicos de participação. Essas organizações receberam denominações diversas, tais como organizações do terceiro setor e organizações não governamentais. Ainda que, em última análise, essa designação se refira especificamente às entidades que embora de direito privado prestam um serviço considerado público, a sigl...

ICMBio é contrário à Concessão Florestal na Amazônia

*Ecio Rodrigues Criado no ano seguinte ao da aprovação da legislação que instituiu o Contrato de Concessão Florestal em 2006, o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, conhecido pelo acrônimo ICMBio, parece que ainda não entendeu o seu papel com relação à exploração florestal em unidades de conservação. Não é simples explicar, e a presente tentativa pode resultar num malogro – assim sendo, de antemão já se apresentam escusas por isso. Tudo começou com a aprovação da Lei do Sistema Nacional de Unidades de Conservação, Snuc, em 2000. A partir da implantação do Snuc, essas áreas foram enquadradas em dois grupos: Proteção Integral (como Parques Nacionais e Estações Ecológicas); e Uso Sustentável (como Reservas Extrativistas e Florestas Nacionais). Como a própria denominação sugere, nas unidades de conservação incluídas no grupo de proteção integral não é possível a derrubada de árvores; por sua vez, as que integram o grupo do uso sustentável podem ser manejadas...

Com ou sem MP, ensino médio deve ser reformado

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*Ecio Rodrigues Todos os indicadores internacionais de avaliação do ensino fundamental e médio, incluindo o Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa, na sigla em inglês), apontam para uma fragilidade permanente e absurda do modelo de ensino entregue pelas escolas aos estudantes brasileiros. Desnecessário reforçar que a posição obtida pelo Brasil em estatísticas internacionais de ensino de matemática e línguas, somente para ficar nas disciplinas mais importantes, é vergonhosa para um país que integra uma das dez maiores economias do mundo. Não havendo dúvida entre os especialistas quanto à urgência em melhorar o ensino médio, é difícil compreender a resistência enfrentada pelas propostas de mudança. Foi assim na reforma em direção à escola de ciclo único em São Paulo, e a história se repete agora na organização do ensino médio por área de conhecimento, conforme alvitrado pelo Ministério da Educação, MEC. Melhor deixar de lado as críticas que claramente se...

Suposto direto à queimada põe a Amazônia em risco

* Ecio Rodrigues Nos idos de 2009, por meio da Ação Civil Pública n 0 2009.30-1438-4 (à época batizada de “Fogo Zero”), os Ministérios Públicos Federal e Estadual questionaram judicialmente o papel dos gestores estaduais e municipais em relação ao licenciamento da nefasta prática agrícola da queimada. Com grande dose de pioneirismo, o escopo da ação era obrigar o governo estadual a suspender o licenciamento ambiental das queimadas no Acre. Argumentou-se, com sensatez, que, diante da constatação de que as normas federais transferem aos estados a competência para a regulação do licenciamento ambiental das queimadas, a decisão pela suspensão definitiva ou temporária desse licenciamento se inclui nessa competência, sendo, desse modo, de alçada estadual. A sentença de 1 0 grau perfilhou a tese defendida pelos órgãos ministeriais, reconhecendo, primeiro, que a prática da queimada é intolerável na Amazônia, já que é causa de prejuízos econômicos, sociais e ambientais irreparáveis ...